Em palestra na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a ex-presidenta Dilma Rousseff defendeu a reindustrialização do Brasil, alegando que ‘uber, ifood e Airbnb’ não são suficientes para indicadores de amortização do desemprego.
Ovacionada em sua recepção, a ex-presidenta também defendeu ainda um maior estreitamento entre Brasil e China. Segundo Dilma, o Brasil precisa buscar uma inserção no circuito de tecnologia global de forma autônoma, e quem promove a transferência de tecnologia é justamente a China. Dilma mencionou que esse tipo de parceria com os EUA é impossível, mas viável em algum grau com alguns países europeus.

A palestra faz parte do Encontro Internacional “Democracia e Igualdade: Por um novo modelo solidário de desenvolvimento”, organizado pelo Grupo de Puebla. Segundo a organização, o encontro conta com a participação de presidentes e ex-presidentes, ministros/as e ex-ministros/as, diplomatas e representantes legislativos de 11 países, dentre eles José Luís Rodríguez Zapatero (ex-presidente da Espanha), Ernesto Samper (ex-presidente da Colômbia), Yolanda Díaz (vice-presidenta da Espanha), Dilma Rousseff e Luíz Inácio Lula da Silva (ex-presidenta e ex-presidente do Brasil).
Com apresentação de Aloizio Mercadante e o reitor da UERJ, Ricardo Lodi Ribeiro, o evento teve início por volta das 9:30.

Com um vasto currículo que vai desde deputado da câmara federal brasileira, Aloizio Mercadante já foi ministro da Educação (2015-2016), da Casa Civil (2014-2015), Ciência e Tecnologia (2011-2012), além de ter sido eleito senador e deputado federal. Perguntado pela Agência Brasil China sobre a necessidade de integração regional e as parcerias chinesas para a América Latina, Mercadante relembrou o impacto dos governos Lula e Dilma na relação Brasil-China.
“Quando chegamos no governo, nosso comércio com a China era de oito bilhões de dólares, com o Estados Unidos eram 20 bilhões de dólares. Quando nós saímos do governo, depois do golpe contra a presidenta Dilma, nossa relação com os Estados Unidos era 30 bilhões de dólares, e com a China 90 bilhões de dólares, então foi um salto extraordinário”, disse Mercadante.
Para o ex-ministro, a parceria Brasil-China não se limita ao comércio. Mencionando os BRICS, Mercadante afirmou que o Brasil “era parceiro estratégico global da China, estávamos juntos em todos os fóruns diplomáticos globais”. Segundo ele, essa articulação foi “fundamental para os países em desenvolvimento” e possibilitou a construção de agendas comuns, como as conferências internacionais sobre mudanças climáticas, a resposta coordenada contra a crise econômica de 2008.
Ainda segundo Mercadante, a relação do atual governo com a China foi “grosseiramente atacada, agredida desnecessariamente e sem nenhum fundamento pelo governo Bolsonaro e a extrema-direita.”
Comentando sobre um futuro próximo, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma deu votos de que as relações com a China voltem a ser o que foram um dia, não apenas de parceria comercial, mas também tecnológica, cultural, política e de infraestruturas. “Quanto mais próximos estivermos, melhor para esses dois grandes países”.

O Encontro Internacional “Democracia e Igualdade: Por um novo modelo solidário de desenvolvimento” acontece entre os dias 29 e 30 de março de 2022, no Teatro Odylo Costa, na UERJ. Amanhã, quarta-feira, o encontro será encerrado com uma fala do ex-presidente Lula por volta das 16 horas, na Concha Acústica Marielle Franco, também na UERJ. A participação presencial no encontro só é permitida mediante inscrição prévia no site do evento: http://www.grupodepuebla.uerj.br