Após anos turbulentos, que plano têm líderes da China para recuperar a economia?

Após três anos de turbulência devido à pandemia de COVID-19, se espera que os líderes da China estabeleçam metas econômicas para retomar o crescimento, restaurar a confiança e evitar um acúmulo de riscos financeiros, diz a Bloomberg.

“É provável que a recuperação econômica venha de uma retomada dos gastos dos consumidores e de um retorno ao normal para muitas empresas após anos de restrições de COVID-19 […] Um crescimento mais rápido neste ano pode, de fato, levar o banco central a passar para uma postura política mais neutra”, relata o artigo.

Até agora, a economia tem mostrado sinais encorajadores. Segundo o artigo, a produção está se recuperando mais fortemente do que o esperado, o que mostra que a recuperação está ganhando força.

As vendas de casas subiram pela primeira vez desde 2021, estimulando o otimismo sobre o retorno da demanda.

No entanto, segundo os autores, uma recuperação sustentada está longe de ser certa. A demanda de exportação continua a definhar e o mercado imobiliário ainda não se estabilizou.

Novos líderes

A primeira sessão do 14º Congresso Nacional do Povo começará em Pequim em 5 de março.

Um dos principais objetivos da reunião será a nomeação de vários altos funcionários, incluindo o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro e diversos ministros.

Espera-se que o Banco Popular da China e o Ministério das Finanças também tenham novas lideranças.

As autoridades estão ainda considerando restabelecer a Comissão Central das Atividades Financeiras, que centralizaria a tomada de decisões do sistema financeiro sob a liderança do Partido Comunista, informa a Bloomberg.

Expectativas econômicas

De acordo com a edição, os economistas esperam que o premiê Li Keqiang defina uma meta de crescimento do PIB para este ano acima de 5%, sendo que a economia expandiu apenas 3% no ano passado, o segundo ritmo mais lento desde os anos 70.

Prevê-se que a economia possa crescer 5,2% em 2023, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg.

Política monetária

As autoridades provavelmente manterão a política monetária e fiscal de apoio neste ano, evitando estímulos que possam alimentar a inflação e a dívida, dizem os economistas da Bloomberg.

“Isto significa que o Banco Popular da China pode manter um certo nível de dinheiro em espécie nos bancos”, relatam os autores.

Ao mesmo tempo, se a economia se recuperar mais rápido do que o esperado, o banco central poderá mudar de rumo, passando para uma postura política neutra.

Isso implicaria manter inalteradas as taxas de juros e o depósito compulsório.

Contudo, depois que o Banco Popular da China deu uma perspectiva mais positiva da economia e prometeu fornecer um apoio “sustentável” ao crescimento, as expectativas do banco central de reduzir as taxas de juros a curto prazo estão diminuindo.

“Em nossa opinião, há muito pouca margem para cortes nas taxas de juros”, diz o artigo, citando economistas da empresa Citigroup.

Ao contrário dos EUA e de outros países, a China evitou os pagamentos de incentivo e os subsídios aos consumidores como forma de alimentar a recuperação econômica pós-pandêmica.

Mesmo assim, o presidente da China, Xi Jinping, prometeu em dezembro aumentar a renda dos contribuintes, colocando um foco especial nas famílias de baixa e média renda, que foram muito afetadas pela pandemia da COVID-19.

Porém, segundo a Bloomberg, a recuperação até agora parece desigual – a atividade do setor de serviços está aumentando, mas os gastos com bens de alto valor, como carros e casas, continuam fracos.

Salvação está no mercado imobiliário

De acordo com o artigo, um mercado imobiliário estável será fundamental para a recuperação da China neste ano, dado o peso do setor na economia nacional, estimado em cerca de 15% a 25% do PIB.

O governo provavelmente vai discutir a necessidade de fornecer mais recursos para desenvolver o mercado de habitação para aluguel, o que também contribuiria para resolver os problemas de moradia dos migrantes e dos jovens.