De acordo com a CPTM, o movimento grevista seria lamentável e incompatível com a realidade atual do país.
A iniciativa deve afetar cerca de 750 mil pessoas nas 26 estações atendidas por três linhas: 11 – Coral, 12 – Safira e 13 – Jade. Segundo a categoria, a greve terá tempo indeterminado e a reivindicação não tem a ver com ganho real em aumento de salários.
Múcio Alexandre, secretário-geral do SindCentral (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil), confirmou a paralisação e destacou que a expectativa dos profissionais é de “reposição salarial”, já que a classe está com salários defasados ante a inflação referente aos anos de 2020 e 2021.
“A proposta [do governo] foi de pagar a reposição de 10 vezes a partir de fevereiro de 2022, virou Casas Bahia, não CPTM”, criticou Múcio. “Fizemos uma contraproposta, ainda dividindo em duas vezes, a defasagem de 2020 [4%] em agosto e a de 2021 [6%], em setembro, mas não quiseram”.
O mínimo legal nos horários de pico 5h às 9h e 17h às 20h será cumprido – nos demais horários, a circulação fica reduzida.
Em nota enviada, a CPTM diz considerar inadmissível o movimento grevista tendo em vista um cenário de crise de pandemia e uma população adulta vacinada. “A companhia lamenta a decisão sobre a greve e espera que não haja adesão por parte dos trabalhadores em respeito aos cidadãos que necessitam do transporte. Reforça que há uma decisão da Justiça do Trabalho determinando a manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de R$100 mil diários”, alegou.
A CPTM alega também ter oferecido PPR (participação nos resultados) em duas vezes, com a primeira parcela para no último dia 10 de agosto. A última parte seria paga em janeiro de 2022.
Segundo a companhia, um plano de contingência será posto em prática para garantir transporte, em especial, a quem faz parte dos serviços essenciais. Por causa da paralisação prevista, o rodízio de carros estará suspenso nesta terça-feira, tanto no período da manhã quanto no período da tarde.
A CPTM expõe ainda que não atrasou salários e benefícios durante a pandemia “enquanto milhares de trabalhadores perdem seus empregos ou tem suas rendas diminuídas”, mesmo com a demanda reduzida, e que o salário médio dos ferroviários seria de R$ 6,5 mil. “Não é compreensível que estes sindicatos estejam em uma realidade diferente do restante do país, que sofre com desemprego, perda de renda e fome”, acrescenta.
A diretoria da SindCentral contesta o posicionamento da CPTM, que classifica de “série de mentiras” e alega que o salário da base dos trabalhadores ferroviários não excederia os R$ 2,5 mensais.