Um grupo da Universidade de Turim (Itália), liderado pela professora Laura, presidente do Comitê de Insetos da Federação Europeia de Ciência Animal, visitou Dingtao com 17 estudantes para uma imersão em agricultura de nicho. O roteiro teve como foco a criação do tenébrio (Tenebrio molitor), prática que vem ganhando escala industrial na região e serviu de porta de entrada para trocas acadêmicas e culturais entre Itália e China.
O ponto alto da agenda foi o polo de Fangshan, onde a cadeia do tenébrio reúne criação, processamento e comercialização. Segundo os responsáveis pela base visitada, o inseto concentra proteínas, aminoácidos e ácidos graxos insaturados, atributos valorizados em ração animal e ingredientes funcionais. A operação já mantém rota exportadora por meio de tradings em Qingdao e Tai’an, com embarques para Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos.
Em campo, os estudantes acompanharam todo o ciclo — de matrizes a adultos —, observaram o manejo e avaliaram amostras processadas. A coordenação italiana ressaltou que Dingtao transformou um “pequeno inseto em grande indústria”, com modelo de cadeia integrada considerado referência para estudos de eficiência produtiva e padronização sanitária.
Para o público brasileiro, a experiência chama atenção pelo potencial de proteína alternativa na ração de peixes, aves e pets, além de aplicações em economia circular (baixo uso de água e aproveitamento de resíduos agrícolas). O interesse acadêmico europeu em Dingtao indica oportunidades de cooperação em pesquisa, tecnologia de processamento e protocolos de qualidade — temas que dialogam com a busca do agronegócio do Brasil por ingredientes sustentáveis e novas rotas de valor agregado.
