Sem consenso para um comunicado conjunto, o G20 financeiro divulgou como comunicado final um texto com foco no combate à desigualdade que traz avanços da perspectiva da tributação internacional. Essa é a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar de não fechar o encontro com um texto conjunto, o ministro avalia que o encontro foi “um sucesso, com final apoteótico”.
“Os debates aconteceram como imaginamos, foram muito bem aceitos os temas propostos pelo Brasil e o tema da desigualdade foi especialmente valorizado”, disse Haddad em coletiva de imprensa na noite desta quinta-feira (29). O ministro brasileiro também aponta que houve avanço em relação à proposta da taxação das grandes fortunas no mundo. “É uma agenda que foi saudada como pertinente e bem vinda, para termos um horizonte de aprofundamento dessa temática.”
O tema das guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia provocaram divergências entre os países e impossibilitaram uma redação conjunta dos países, que foram discutidos no G20 diplomático, que reuniu chanceleres dos países membros no Rio de Janeiro. Sem chegar a um consenso nesse encontro anterior, acabaram “contaminando” a discussão do G20 financeiro em São Paulo, avalia o ministro.
“Nós havíamos nutrido a esperança de que temas mais sensíveis à geopolítica fossem discutidos no sherpa diplomático [G20 diplomático]. Mas como não se chegou a uma redação comum no Rio de Janeiro isso acabou contaminando o consenso na nossa. No que diz respeito aos temas afeitos ao nosso grupo, nós chegamos a uma redação absolutamente consensual.”
O texto publicado na noite desta quinta (29) saiu como um “chair statement”, um comunicado oficial da presidência do G20, escrito por Haddad, que traz os nove pontos que obtiveram consenso na parte econômica.
“Em 2024, vamos focar na integração da desigualdade como uma preocupação política fundamental; aprimorando a representação e voz dos países em desenvolvimento na tomada de decisões em instituições econômicas e financeiras globais para proporcionar instituições mais eficazes, credíveis, responsáveis e legítimas”, destaca o texto, que traz os nove pontos consensuados entre os países.
Sul Global
O tema da maior participação de países do Sul Global na governança internacional também marcou as discussões no G20 financeiro, que sob a presidência do Brasil trouxe como temas o combate às desigualdades, à fome e à pobreza.
“Eu creio que o Brasil tem um papel a cumprir, uma legitimidade a exercer sobre os temas que precisam ser tratados e nem sempre estão representados no G20. Quando falamos de uma reglobalização sustentável, socialmente justa, ambientalmente correta, fiscalmente responsável, nós estamos também defendendo interesses da população do planeta que não estão aqui”, destacou Haddad.
Confira aqui o texto final do encontro (em inglês).