EUA abrem mão de oportunidades ambientais e Brasil pode atrair investimentos do setor verde

Secretário do Ministério da Fazenda avalia que saída dos EUA do Acordo de Paris cria espaço para o Brasil se consolidar como referência em energias limpas

(Foto: Washington Costa/MF)

A decisão dos Estados Unidos de se retirarem do Acordo de Paris sob a liderança de Donald Trump pode beneficiar o Brasil na corrida por investimentos em tecnologia limpa. Essa é a avaliação de Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda e responsável pela coordenação do Plano de Transformação Ecológica do governo Lula (PT). Em entrevista ao Metrópoles, Dubeux destacou que, embora a saída dos EUA represente um retrocesso na agenda ambiental global, o movimento abre oportunidades para o Brasil atrair investimentos que antes estavam direcionados ao mercado norte-americano.

“A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris é uma perda de oportunidade dos Estados Unidos de estar liderando esse processo”, afirmou o secretário. Ele pondera que, por ser a maior economia do mundo, as omissões dos EUA na pauta ambiental afetam o volume de recursos alocados em projetos sustentáveis, mas não paralisam o desenvolvimento dessas iniciativas globalmente. “A saída vai frear a descarbonização da economia global? Eu acho que nem de longe”, completou.

Retrocesso ambiental e reação do setor privado – Logo no início de seu segundo mandato, em janeiro de 2025, Donald Trump oficializou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, pacto internacional voltado para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o combate ao aquecimento global. Além disso, o governo republicano incentivou a perfuração de novos poços de petróleo e o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis, com o apoio de um Congresso dominado por republicanos.

Apesar da mudança de postura da Casa Branca, Dubeux destaca que os EUA não são mais tão preponderantes como no passado na emissão de gases poluentes, respondendo atualmente por 15% das emissões globais. Ele enfatiza que a decisão de Trump é um obstáculo, mas não um fator determinante para a agenda climática mundial, uma vez que estados como a Califórnia e setores privados seguem comprometidos com a transição ecológica.

O ex-presidente democrata Joe Biden foi considerado progressista na questão ambiental, ainda que sem avanços expressivos. Durante sua gestão, chegou a anunciar um aporte de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia, em visita ao Brasil na cúpula do G20 no fim de 2024.

Brasil como destino de novos investimentos verdes – O Brasil, que tem um histórico de avanço na agenda ambiental, pode se tornar um dos principais destinos para investimentos em tecnologia limpa que antes estavam direcionados aos EUA. Segundo Dubeux, o país possui vantagens competitivas em setores como biocombustíveis, energias renováveis e mineração de elementos críticos para baterias.

“O Brasil, entre outros países, pode virar um local de atração de investimentos que estavam sendo sugados para lá [os EUA] por conta desses subsídios. Pode ser de hidrogênio, pode ser de energias renováveis, pode ser de baterias, de minerais críticos, em várias áreas a gente tem o potencial de ocupar um pedaço desse espaço”, analisou o secretário.

Com esse cenário, o Brasil pode consolidar sua posição como um dos principais players globais na transição para uma economia mais verde.

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