China suspende importações de frango do Brasil após caso de gripe aviária

Decisão impacta principal mercado da avicultura brasileira e levanta discussões sobre protocolos sanitários internacionais

A China anunciou a suspensão temporária das importações de carne de frango e produtos avícolas do Brasil por 60 dias, após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A medida, prevista nos protocolos sanitários entre os dois países, entrou em vigor imediatamente e afeta todo o território brasileiro.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, explicou que, embora o foco da doença esteja restrito a uma única propriedade, o protocolo chinês determina a suspensão nacional das importações em casos de detecção da doença em aves comerciais. O governo brasileiro está em negociações para regionalizar esse protocolo, como já ocorre com outros parceiros comerciais, permitindo que apenas as áreas afetadas sejam alvo de restrições.

O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, respondendo por cerca de 39% do comércio global. Em 2024, o país exportou aproximadamente 5,3 milhões de toneladas da proteína, gerando receitas de US$ 9,9 bilhões. A China é o principal destino dessas exportações, absorvendo cerca de 14% do total.

O Ministério da Agricultura ressaltou que o consumo de carne de frango e ovos não representa risco à saúde humana, desde que os produtos sejam devidamente cozidos. O risco de infecção pelo vírus da gripe aviária é considerado baixo e está geralmente associado ao contato direto com aves vivas ou mortas contaminadas.

A suspensão chinesa ocorre poucos dias após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, onde foram anunciados investimentos chineses no Brasil da ordem de R$ 27 bilhões. A decisão levanta preocupações sobre a estabilidade das relações comerciais e a necessidade de revisão dos protocolos sanitários internacionais para evitar impactos econômicos significativos em casos isolados de doenças.

O governo brasileiro está monitorando a situação e espera que, com a contenção eficaz do foco da doença e a transparência nas ações sanitárias, as exportações para a China possam ser retomadas antes do prazo estipulado. Enquanto isso, o setor avícola nacional enfrenta desafios para manter sua posição de liderança no mercado global diante das restrições impostas.

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