China e Brasil: vice-presidente de Lula e ministra de Bolsonaro celebram relações bilaterais

Nesta semana, evento colocou lado a lado Geraldo Alckmin e Tereza Cristina em seminário para comemorar 50 anos de relações sino-brasileiras e debater cooperação para um mundo sustentável

(Foto: CEBRI/ Divulgação)

No ano em que Brasil e a República Popular da China celebram 50 anos de relações diplomáticas há uma intensa agenda entre autoridades dos dois lados.

Na quarta-feira (17), foi realizado em Brasília o seminário “50 anos da relação Brasil-China: Cooperação para um mundo sustentável”, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Na mesa de abertura, o vice-presidente Geraldo Alckmin, também titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sentou-se ao lado da ex-ministra da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro, a hoje senadora Tereza Cristina (PP-MS).

O vice-presidente saudou os 50 anos de parceria entre os dois países e lembrou que se completaram também 20 anos desde a criação da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) — criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2004 — hoje principal mecanismo de diálogo regular entre Brasil e China.

Cooperação para um mundo sustentável

“A China é o maior parceiro comercial do Brasil. A complementaridade econômica e comercial entre os dois países é impressionante. É um importante investidor no Brasil e as oportunidades são muitas: nas áreas do Novo PAC, infraestrutura, energia renovável, automotiva, carros híbridos, veículos elétricos, complexo da saúde, indústria aeronáutica. É difícil uma área que não haja uma parceria entre Brasil e China, uma amizade que só se consolida e que avança”, pontuou Alckmin.

Também estiveram na cerimônia o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao; o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Eduardo Paes Saboia; o presidente da CNA, Gedeão Silveira Pereira, o representante da CASS, Dan Shi, e do Cebri, José Pio Borges.

Em seu discurso de abertura, o embaixador Zhu destacou que a cooperação sino-brasileira tem significado estratégico e importância global.

“Os 50 anos dourados tem sido marcado por interações de alto nível cada vez mais intensas, aprofundamento contínuo da confiança estratégica e resultados profícuos das cooperações em todas as áreas. Nosso relacionamento é um exemplo de progresso conjunto entre grandes países em desenvolvimento”, afirmou o diplomata.

Zhao ressaltou ainda que como membros do Sul Global, a China e o Brasil compartilham posições e conceitos similares em importantes questões internacionais e são forças ativas na promoção da paz, da estabilidade, do desenvolvimento e da prosperidade.

“A China está empenhada em colaborar com o Brasil para alçar as relações sino-brasileiras a novos patamares e progredir em direção a uma comunidade de futuro compartilhado para a China e o Brasil. A China está comprometida em colaborar com o Brasil na organização de encontros importantes de alto nível entre os dois países”, ressaltou.

O diplomata afirmou ainda que os dois países vão unir esforços para elevar a influência e a voz dos países em desenvolvimento e impulsionar a criação de um sistema de governança global justo e equitativo.

“A China gostaria de fortalecer a sinergia entre a iniciativa “Cinturão e Rota” e os programas de desenvolvimento do Brasil. A parceria de caráter estratégico na ciência-tecnologia e inovação é um ponto alto da Parceria Estratégica Global China-Brasil”, observou.

O embaixador da China no Brasil destacou ainda que a China está disposta a intensificar a troca de experiências e cooperação substantiva com o Brasil em áreas como redução da pobreza e desenvolvimento rural.

O evento reuniu lideranças nacionais, representantes da iniciativa privada, organizações do terceiro setor e acadêmicos de ambos os países, para debater o futuro das relações sino-brasileiras.

O seminário foi estruturado em quatro painéis temáticos, com ênfase no papel significativo que Brasil e China desempenham no enfrentamento das desigualdades e na construção de um mundo mais sustentável.

Foram abordados temas atuais, como a contribuição bilateral para o desenvolvimento sustentável, a cooperação entre os dois países na produção de alimentos, segurança alimentar e sustentabilidade, além das lições aprendidas e desafios persistentes na redução da pobreza tanto no Brasil quanto na China.

Também foram discutidas novas abordagens para a governança global durante a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável.

O seminário abordou ainda os desafios globais, como segurança alimentar, transição energética e mudanças climáticas, no contexto das relações sino-brasileiras e refletiu as prioridades da agenda brasileira para a presidência do G20 em 2024 e a COP30 em 2025.

Confira o evento na íntegra

Alavancar desenvolvimento nacional

Nesta quinta-feira (18), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, participou de um jantar na Embaixada da China no Brasil, em Brasília, oferecido pelo embaixador chinês Zhu Qingqiao.

“O Brasil tem que aproveitar as tensões geopolíticas crescentes para alavancar o desenvolvimento nacional”, escreveu Cappelli no X (antigo Twitter) sobre o encontro com o diplomata chinês.

Encontro da Cosban

Nos dias 5 e 6 de junho será realizada, em Pequim, capital nacional da China, reunião da Cosban. Trata-se do principal mecanismo de diálogo bilateral entre Brasil e China e é presidida pelos vice-presidentes dos dois países — no caso do Brasil, Geraldo Alckmin, que também comanda o MDIC.

Neste espaço, Brasil e China têm debatido temas como investimentos em infraestrutura e manufatura que podem contribuir para os esforços brasileiros em prol da neoindustrialização, além de oportunidades associadas à transição ecológica, incluindo investimentos em energia, tecnologia e descarbonização.

Nas últimas duas décadas, a China ganhou grande destaque no comércio exterior brasileiro, sendo o principal parceiro comercial do país desde 2009. As exportações, em 2023, alcançaram a marca histórica de US$ 104 bilhões.

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