China avança no desenvolvimento verde enquanto países ricos recuam nas metas climáticas

Créditos: Fotomontagem Xinhua- China lidera a transição energética global

China fez progressos notáveis na transição energética na última década e alcançou avanços históricos no desenvolvimento de energia verde e de baixo carbono à medida que avança na construção de um sistema de abastecimento de energia limpo, diversificado, seguro e resiliente.

Enquanto isso, os países ricos do Norte Global têm relaxado algumas de suas regulamentações ambientais como uma resposta a crises econômicas e de segurança energética, o que pode afetar seus compromissos com a sustentabilidade e a luta contra as mudanças climáticas.

Nesta quinta-feira (29), o Escritório de Informação do Conselho de Estado da China publicou um white paper (livro branco, um relatório temático) intitulado China’s Energy Transition”  ( “A Transição Energética da China”, em tradução livre), que descreve a importância da transição energética para o desenvolvimento econômico e social do país.

O livro branco listou uma série de números (leia abaixo) que documentam marcos na transição energética da China na última década e destacam a contribuição excepcional do país para a agenda verde global.

Por exemplo, no ano passado, a eletricidade gerada por energia limpa representou quase 40% da geração total de eletricidade da China. Além disso, as exportações de produtos eólicos e fotovoltaicos do país ajudaram outros países a reduzir as emissões de dióxido de carbono em cerca de 810 milhões de toneladas em 2023.

A transição energética da China, diz o texto, não apenas visa reduzir a dependência de combustíveis fósseis, mas também posiciona o país como um líder global na inovação em energias renováveis, contribuindo para a redução das emissões de carbono em escala mundial.

O documento destaca a liderança da China na transição global para energias renováveis. Aborda as metas climáticas do país, a inovação tecnológica no setor de energia e o compromisso do país com a cooperação internacional para promover o desenvolvimento sustentável global.

O livro branco também oferece uma elaboração detalhada sobre o compromisso da China em cumprir sua responsabilidade como um grande país em desenvolvimento, bem como sua disposição em trabalhar com outros países para manter estáveis as cadeias industriais e de suprimentos globais de energia, mantendo a segurança energética em um ambiente aberto.

O relatório enfatiza a contribuição da China para a economia global, especialmente através da exportação de produtos de energia renovável, como painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas, que ajudaram a reduzir significativamente os custos globais de projetos de energia renovável. Também destaca os esforços do país em fortalecer a cooperação internacional em projetos de energia verde no âmbito da Iniciativa do Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda.

Entre os principais desafios abordados, está a necessidade de equilibrar o desenvolvimento de novas fontes de energia com a segurança energética, mantendo uma transição gradual que garanta a estabilidade econômica e social.

A China também reforça seu compromisso com o cumprimento de suas metas climáticas, incluindo a neutralidade de carbono até 2060, e o papel crucial da governança global e da cooperação internacional na realização de um futuro energético sustentável.

Liderança da China na transição verde

Observadores avaliam que a transição energética da China desempenhará um papel exemplar, ilustrando um caminho que é economicamente viável, traz efeitos de longo alcance para a indústria de energia global e demonstra que as vantagens esmagadoras da China em energia renovável resultam de inovação contínua e de uma cadeia industrial completa, em vez da falácia ocidental de crescimento impulsionado por subsídios.

O diretor do Centro de Pesquisa em Economia de Energia da China na Universidade de Xiamen, Lin Boqiang, disse ao jornal chinês Global Times que, na última década, “a China liderou a transição energética global, não apenas na velocidade de sua transformação, mas também na expansão da capacidade e produção de energia nova.”

Lin observou que isso também soa o alarme para os países ocidentais que planejam impor tarifas sobre as exportações de novas energias da China em nome de “excesso de capacidade industrial”. Ele alerta que essa politização de questões econômicas “prejudicará fortemente a transição verde global, impedirá a otimização da estrutura energética e atrasará os esforços de combate às mudanças climáticas“, disse.

Farol para o Sul Global e resposta ao Ocidente

Especialistas chineses enfatizam que o curso bem-sucedido da transição energética da China desempenha um papel exemplar para os países em desenvolvimento e estabelece um modelo global.

Também serve como uma lição para outros países desenvolvidos, que — em meio à escassez global de energia nos últimos anos — mostraram um certo nível de recuo em relação aos seus objetivos climáticos, observa Cao Heping, economista da Universidade de Pequim, ao Global Times.

Cao comenta que o livro branco fornece uma nova resposta à campanha de difamação ocidental sobre a indústria de nova energia da China, que alegava ter sido estimulada por subsídios.

“Isso expôs que a etiqueta de ‘excesso de capacidade’ fabricada pelo Ocidente nas indústrias chinesas não tem fundamento e é motivada por uma mentalidade hegemônica”, disse Cao.

Autoridades e especialistas da indústria chinesa expressam confiança de que a China, o maior produtor e consumidor de energia do mundo, tem a capacidade e tem avançado firmemente em direção ao seu objetivo de “duplo carbono” de alcançar o pico de emissões de carbono até 2030 e a neutralidade de carbono até 2060.

Motor para a transição energética global

O desenvolvimento de energia verde da China tornou-se um motor para a transição energética global, e a nova indústria de energia do país também “contribuiu para o abastecimento de energia global e aliviou as pressões inflacionárias globais”, observa o documento.

O livro branco cita dados da Agência Internacional de Energia e mostra que de 2014 a 2023, a participação global de combustíveis não fósseis no consumo de energia aumentou de 13,6% para 18,5%, com a China contribuindo com 45,2% desse aumento.

Na última década, o custo médio por quilowatt-hora de projetos de energia eólica global diminuiu mais de 60%, e de projetos de energia fotovoltaica mais de 80%. Essas reduções são amplamente atribuíveis aos esforços da China.

O documento enfatiza que a China se opõe a todas as formas de unilateralismo ou protecionismo e rejeita todas as formas de “desacoplamento” e a abordagem de “quintal pequeno e cerca alta”.

O relatório convoca as grandes potências a “focarem mais no futuro da Terra e da humanidade e a agirem de maneira responsável, garantindo a segurança energética global, promovendo o desenvolvimento verde e mantendo a ordem do mercado.”

Transição energética da China em números

Os números do white paper evidenciam os esforços contínuos da China para liderar a transição global para uma energia mais limpa e sustentável, impulsionando tanto o desenvolvimento interno quanto contribuindo significativamente para os esforços globais de combate às mudanças climáticas.

Consumo de Energia Limpa em 2023

  • A participação da energia limpa no consumo total de energia da China alcançou 26,4%, um aumento de 10,9 pontos percentuais desde 2013.
     
  • A participação do carvão no consumo de energia caiu 12,1 pontos percentuais no mesmo período.

Capacidade Instalada Total de Geração de Energia em 2023

  • A capacidade total instalada de geração de energia atingiu 2920 GW, dos quais 1700 GW (58,2%) eram de energia limpa.
     
  • A eletricidade gerada a partir de energia limpa foi de aproximadamente 3800 TWh, representando 39,7% da geração total de eletricidade da China, um aumento de cerca de 15 pontos percentuais desde 2013.

Desenvolvimento Econômico e Social de Alta Qualidade

  • A capacidade de produção de energia primária da China cresceu 35% na última década.
     
  • Investimento em ativos fixos no setor de energia totalizou cerca de RMB 39 trilhões.

Eficiência Energética e Conservação de Energia

  • O consumo médio de carvão por geração de energia a carvão reduziu-se para 303 gramas de carvão padrão por quilowatt-hora.
     
  • A intensidade energética por unidade do PIB caiu mais de 26% de 2013 a 2023.
     
  • A concentração média de PM2.5 caiu 54% na última década, e o número de dias com poluição intensa diminuiu 83%.

Aquecimento Limpo no Norte da China

  • Investimentos totais de RMB 120,9 bilhões foram feitos pelo governo central, com investimentos locais totalizando mais de RMB 400 bilhões.
     
  • A taxa de aquecimento limpo na região aumentou 46 pontos percentuais até o final de 2023.

Infraestrutura de Carregamento para Veículos Elétricos

  • Até o final de 2023, havia 8,596 milhões de instalações de carregamento de veículos elétricos na China, sendo 2,726 milhões públicas e 5,87 milhões privadas.

Desenvolvimento de Energia Eólica e Solar

  • A capacidade instalada acumulada de energia eólica e solar fotovoltaica (PV) era de 441 GW e 609 GW, respectivamente, um aumento de onze vezes na última década.

Investimento na Transição Energética em 2023

  • O investimento da China em transição energética atingiu US$ 676 bilhões em 2023, tornando-se o maior investidor do mundo nesse campo.
     
  • As exportações chinesas de produtos de energia eólica e PV ajudaram outros países a reduzir as emissões de dióxido de carbono em cerca de 810 milhões de toneladas em 2023.

Países ricos recuam das metas climáticas

Em contraponto aos avanços da China no desenvolvimento verde, países ricos e desenvolvidos do Norte Global têm recuado em relação às metas climáticas e têm relaxado regulamentações ambientais, especialmente em resposta a pressões econômicas e de segurança energética.

Como os Estados Unidos, que durante o governo de Donald Trump (2017-2021) retiraram-se temporariamente do Acordo de Paris, enfraquecendo os compromissos globais com a redução de emissões. Nesse período, o país também relaxou várias regulamentações ambientais, incluindo a reversão de normas sobre emissões de metano, a proteção de áreas naturais contra perfurações e o enfraquecimento dos padrões de eficiência de combustível para veículos.

O Reino Unido enfrentou desafios políticos e econômicos que resultaram em atrasos e incertezas na implementação de projetos de energia renovável, incluindo a desaceleração do desenvolvimento de parques eólicos offshore. Em meio à crise energética e econômica, discutiu a flexibilização de regulamentações ambientais para acelerar a exploração de combustíveis fósseis, como a aprovação de novos projetos de extração de gás e petróleo no Mar do Norte.

A Alemanha, diante da crise energética causada pela guerra na Ucrânia, reativou temporariamente usinas de carvão e flexibilizou algumas de suas regulamentações ambientais para garantir a segurança energética no curto prazo.

Embora a França dependa fortemente da energia nuclear, a crise energética europeia levou a uma maior atenção ao uso de fontes de energia tradicionais, como o gás natural, o que reduziu temporariamente a ênfase em novas expansões de energias renováveis. Assim como a Alemanha, considerou medidas para relaxar regulamentações em setores específicos da economia, como a agricultura, para enfrentar desafios econômicos e garantir a estabilidade de suprimento de energia e alimentos.

A Itália também priorizou a segurança energética em meio à crise na Europa, o que resultou em uma menor atenção ao crescimento de sua capacidade de energias renováveis, especialmente durante momentos de maior tensão nos mercados energéticos.

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