Há alguns meses, vem sendo ventilado na mídia que o Brasil pode aderir à Iniciativa do Cinturão e Rota na visita do presidente Xi Jinping ao país no dia 20 de novembro para cúpula do G20. No entanto, o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse que Brasília não deve assinar a iniciativa.
Em entrevista ao jornal O Globo, Amorim falou que o Brasil quer elevar a relação com a China a um novo patamar, sem que para isso precise assinar um “contrato de adesão”.
Indagado pela mídia sobre a assinatura, o ex-chanceler afirmou que “a palavra-chave é sinergia. Não é assinar embaixo, como uma apólice de seguro. Não estamos entrando em um tratado de adesão. É uma negociação de sinergias”, afirmou.
O programa trilionário de investimentos chineses, que existe há mais de uma década e conta com a assinatura de 150 países em desenvolvimento, vem sendo dialogado com o governo brasileiro há um tempo.
“Eles [os chineses] falam sobre cinturão, mas não é uma questão de aderir. Eles dão os nomes que eles quiserem para o lado deles, mas o que interessa é que são projetos que o Brasil definiu e que serão aceitos ou não”, completou Amorim.
A mídia relata que o diplomata participou de uma missão à China, na semana passada, com o objetivo de conversar sobre a visita de Estado de Xi Jinping ao Brasil.
Ainda segundo Amorim, os projetos que estão em estudo entre os dois países poderão ser estendidos para outras nações sul-americanas. A expectativa é de que o país asiático ofereça oportunidades não apenas em infraestrutura, mas também em outras áreas, que vão de energia solar a carros híbridos ou elétricos.
“A ideia é passar para outro patamar e isso faz parte de uma visão do Brasil, de ter suas relações diversificadas e não ficar dependendo de um único fornecedor, ou um único parceiro. A parceria não é só comprar e vender, mas investir com insumos feitos no Brasil, por exemplo”, afirmou.
Os Estados Unidos sinalizaram na semana passada que eram contra a assinatura entre Brasília e Pequim. A representante de Comércio dos EUA, Katherine Tai, afirmou que o Brasil deveria ter cautela com a possível adesão.
A declaração irritou Pequim que, nesta sexta-feira (25), uma porta-voz da Embaixada da China em Brasília divulgou uma nota dizendo que a recomendação “carece de respeito ao Brasil” e que “o país é soberano” nas suas escolhas, conforme noticiado.