“É difícil de acreditar, mas o mundo está começando a caminhar para um sistema monetário baseado no ouro”, observa Forbes.
O padrão-ouro tem má reputação entre os especialistas econômicos e financeiros, lembra o analista. No entanto, este regime monetário funcionou de forma eficaz, apesar de todos os “mitos” que o rodeiam hoje, afirma ele. O sistema beneficiou, em particular, os próprios Estados Unidos, que durante décadas registraram um crescimento econômico impressionante, ritmo que se perdeu com o abandono desse padrão.
Segundo o especialista, entre os sinais do retorno do ouro aos fundamentos do sistema monetário mundial está o aumento do volume de compras do metal precioso pelos bancos centrais de potências como China, Índia, Rússia e outros.
“Estes países estão reagindo às dúvidas crescentes sobre o valor do dólar a longo prazo, o que, por sua vez, é um sintoma do declínio percebido dos EUA”, comenta.
Outro indicador importante é a expansão das criptomoedas, cuja popularidade se deve à crescente desconfiança na moeda fiduciária, observa a Forbes. Porém, a principal desvantagem das criptomoedas, como o bitcoin, é a falta de um valor estável, o que dificulta sua utilização em transações comerciais, principalmente em contratos de longo prazo. O analista presume que, com o tempo, o mercado de criptomoedas vincularia seu valor ao equivalente em ouro.
“Existem diversas criptomoedas ligadas ao ouro, mas ainda não conquistaram credibilidade e mecanismos para a sua utilização generalizada. No entanto, esta situação pode mudar à medida que os governos desenvolverem as suas políticas monetárias”, detalha.
Com a dívida total mundial ultrapassando hoje os US$ 300 trilhões (cerca de R$ 1,5 quatrilhão), três vezes o seu Produto Interno Bruto (PIB), a sociedade global enfrentará inevitavelmente uma crise “que não pode ser facilmente paga”, alerta a Forbes.
Por fim, o analista enfatiza a mudança do papel do BRICS. O grupo, inicialmente composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se define como uma associação de mercados emergentes e países em desenvolvimento, fundada em laços históricos de amizade, solidariedade e interesses partilhados. Em 2023, o BRICS convidou a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã a aderirem.
Após a adesão de cinco novos Estados, o grupo do BRICS representa quase metade da população mundial, mais de 40% da produção mundial de petróleo e cerca de 25% das exportações mundiais.
A Forbes observa que as atividades financeiras do BRICS “estão começando a agitar as coisas” na esfera monetária global. A edição indica como exemplo as operações financeiras da Índia com títulos governamentais baseados em ouro, que lançou desde 2023.
“[Os títulos de ouro] provavelmente serão muito populares entre os investidores de todo o mundo. Desde o início da era da [moeda flutuante] em 1971 até hoje, os títulos de ouro com um rendimento de 4% teriam apresentado desempenho superior a todos os mercados de ações e títulos no mundo”, afirma o analista citando o especialista monetário Nathan Lewis.