Javier Milei, o novo presidente argentino de extrema direita que está promovendo um brutal e massacrante choque econômico no país com menos de duas semanas de mandato, voltou a atacar o “comunismo” em suas já habituais falas recheadas de rompantes descontrolados. A declaração ocorre um dia após a China ter congelado a renovação de um acordo de swap no valor de US$6,5 bilhões previsto numa linha de crédito adicional assinada pelo líder Xi Jinping ainda com o presidente Alberto Fernández.
“Pode ser que haja pessoas sofrendo de síndrome de Estocolmo, que estão apaixonadas pelo modelo que as empobrece… E também há pessoas que olham com nostalgia, amor e carinho para o comunismo”, disse o bufão descabelado, que na quarta-feira (20) anunciou um mega revogaço com 366 artigos que invalidaram 30 leis que regulavam inúmeros setores da economia argentina, como os aluguéis, preços de alimentos nos supermercados, planos de saúde, entre outros, além de converter todas as empresas públicas do país em sociedades anônimas, para posterior privatização.
A data escolhida para a anunciar o revogaço, 20 de dezembro, foi também uma grande provocação. O dia marca as homenagens aos 39 argentinos mortos durante a convulsão social de 2001, na gestão do presidente Fernando de la Rúa, que culminaram com sua renúncia e a pior crise socioeconômica da história do país vizinho. Grandes manifestações são normais nesse dia, todos os anos, e para azedar ainda mais o clima nacional, que vive uma polarização extrema, Milei utilizou um enorme aparato de repressão para impedir protestos, em várias cidades do país, sobretudo em Buenos Aires. Ele usou até mesmo a Gendarmeria Nacional, um efetivo militar para aplicação civil, em questões federais, jamais utilizado com tal propósito desde o fim da última ditadura (1976-1983).
Nesta quinta (21), com um país ainda em desespero com suas medidas absurdas, o novo presidente de extrema direita fez troça com a situação e disse ao povo que o critica, por conta dessas ações ultraliberais na economia, que “ainda vem mais”.