Venezuela espera que uso ‘coercitivo’ do dólar termine em breve, com moedas locais ganhando destaque

O dólar é frequentemente usado como uma arma de coerção a nível estatal, mas isso acabará em breve, pois surgirão outras opções para o comércio internacional, disse o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, à Sputnik, à margem da semana de alto nível da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em Nova York.

Na cúpula do BRICS em Joanesburgo, no final de agosto, os líderes do bloco adotaram uma declaração que prevê o uso de moedas locais no comércio mútuo e o “fortalecimento das redes de correspondentes bancários entre os países do BRICS, permitindo liquidações em moedas locais“.

“O estabelecimento de uma nova ordem mundial certamente contribuirá para que o dólar deixe de ser a única moeda no comércio internacional. Já podemos ver como, dia após dia, produtos como portadores de energia estão sendo cada vez mais negociados em outras moedas que não o dólar”, disse Gil.

Os principais exportadores de alimentos da América Latina, como Argentina e Brasil, também estão começando a usar cada vez mais moedas que não sejam o dólar, acrescentou o ministro.

“Acredito que em breve veremos outras opções no comércio internacional, e a hegemonia do dólar diminuirá, o que todos nós queremos. Como o dólar hoje está sendo usado como uma arma de coerção contra os países, esse equilíbrio, essa cesta de moedas emergentes, será muito bom para o comércio global exatamente porque proporcionaria estabilidade a todos os nossos países”, de acordo com ele.

No início de setembro, o analista geopolítico Pepe Escobar disse à Sputnik que os países do grupo BRICS das principais economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – deveriam trabalhar em uma unificação dos sistemas de pagamento e em um mecanismo de comércio em moedas nacionais para impulsionar o comércio mútuo e ser mais independentes.