O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a subir o tom contra Brasil, China e Índia ao acusar os três países de sufocarem a economia americana com tarifas de importação. Em discurso recente, Trump afirmou que essas medidas representam uma “morte lenta” para os EUA e prometeu adotar retaliações ainda mais duras caso Washington não consiga rever seus acordos comerciais.
A fala ocorre em um momento de escalada no chamado tarifaço, com sanções e sobretaxas impostas pela Casa Branca a diversos parceiros, mas que têm encontrado resposta proporcional em grandes economias emergentes. Para Trump, as tarifas aplicadas por Brasil, China e Índia seriam “injustas” e prejudicariam diretamente empresas e trabalhadores americanos.
Especialistas, no entanto, avaliam que a ofensiva pode ter efeito contrário. Ao concentrar críticas nos três países, Trump reforça a articulação do bloco dos BRICS, que já vinha ganhando força com iniciativas como o BRICS Pay e a ampliação do comércio em moedas locais. O discurso do republicano, portanto, acaba servindo como catalisador de alianças que buscam reduzir a dependência do dólar e do mercado norte-americano.
No caso brasileiro, a tensão ocorre em paralelo a esforços do governo Lula para diversificar mercados e aprofundar laços comerciais com a China e outras regiões, como Oriente Médio e Europa. A retórica de Trump, ao atacar simultaneamente Brasil, China e Índia, cria um ponto de convergência para esses países no cenário internacional.
O embate evidencia a disputa pela liderança econômica em um mundo cada vez mais multipolar. Enquanto os EUA endurecem sua postura, Brasil, China e Índia reforçam o discurso de soberania e buscam alternativas para escapar da pressão americana — movimento que, na prática, pode redesenhar o tabuleiro do comércio global.