Ao deixar a China na noite desta sexta-feira (manhã de sábado, no horário local), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez avaliação positiva da missão oficial ao país asiático e do encontro com o líder chinês, Xi Jinping. Segundo ele, as relações bilaterais entre os países entram, agora, em outro patamar, abrangendo outras necessidades, como energia limpa, conectividade e cultura, além do universo das commodities.
“Eu saio satisfeito porque sinto e senti uma extrema vontade do presidente Xi Jinping e dos ministros dessa interação com o Brasil. Eu acho que nossa relação estratégica vai se aperfeiçoando cada vez mais. E nós não precisamos romper e brigar com ninguém para que a gente melhore”, disse, antes de embarcar para os Emirados Árabes, onde assinará novos acordos de investimento para o Brasil.
Segundo o presidente, nas trocas com os demais países, o Brasil tem que buscar seus interesses e necessidades para construir acordos possíveis. “Não temos escolhas políticas ou ideológicas. Temos escolha de interesse nacional, do povo brasileiro, da indústria nacional, de nossa soberania”.
No rol de possibilidades de novas trocas com o principal parceiro comercial, Lula citou ampliar a presença de chineses nas universidades brasileiras e de brasileiros nas escolas chinesas, parcerias no processo de transição energética, com o potencial brasileiro de produzir energia limpa, e na área de conectividade, considerando o compromisso do governo de universalizar o acesso à internet banda larga nas escolas públicas de todo o país.
“Nosso país está muito atrasado e eu acho que não é correto a gente não dar ao povo brasileiro a mesma oportunidade que outros países têm”, disse, acrescentando querer fazer uma revolução digital no Brasil e que sua visita à gigante chinesa Huawei foi por causa dessa necessidade.
Sobre os investimentos para transição energética, Lula afirmou que todos os países, do mais ao menos industrializado, precisam entender a importância do cuidado com o meio ambiente. “O planeta é um só. Todos estamos dentro do barco e, se ele afundar, não escapa ninguém”.
UNIÃO PELA PAZ – O presidente brasileiro contou também que conversou com o colega chinês sobre a necessidade de os países contrários à guerra entre Rússia e Ucrânia se juntarem para convencimento pela busca da paz.
“Somente quem não está defendendo a guerra é que pode criar uma comissão e discutir o fim dessa guerra. É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia, mas é preciso sobretudo convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem”.
De acordo com Lula, a China tem um papel importante nesse processo e está disposta, assim como o Brasil, a fazer esse movimento.