O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (7) que ampliará a permissão de funcionamento do comércio até as 23h a partir desta sexta-feira (9). Atualmente, o limite de horário vai até as 21h. A medida incluiu todos os setores da economia, como bares, restaurares, shoppings e serviços de um modo geral.
Também foi divulgado o aumento da capacidade de ocupação dos estabelecimentos, que passará de 40% para 60%.
De acordo com o governador João Doria (PSDB), a medida vale para todo o estado, até para as regiões que ainda estão com mais de 80% de ocupação dos leitos de UTI com pacientes de Covid. Segundo o governador, caberá aos prefeitos adotar medidas mais restritivas, caso necessário.
Além da ampliação do funcionamento do comércio, o governo também pretende realizar 30 eventos-teste a partir de 17 de julho: festivais, shows, feiras e eventos esportivos.
Também foi anunciada nesta quarta-feira a retomada das aulas presenciais em universidades e escolas técnicas a partir de 2 de agosto.
Fase de transição
Em 2020, o governo estadual criou o Plano São Paulo, para regulamentar as regras da quarentena em cada região. No entanto, desde 18 de abril, todo o estado de São Paulo está na chamada fase de transição, e os critérios originais do plano deixaram de ser obedecidos.
Esta fase, criada para representar uma etapa transitória da fase emergencial, a mais rigorosa da quarentena, não leva em consideração os indicadores da pandemia no estado.
De acordo com o plano, o funcionamento de estabelecimentos até as 23h seria liberado apenas na fase verde, que poderia ocorrer apenas com taxas de ocupação de UTI abaixo de 60%. Atualmente, a taxa de ocupação desses leitos está em 70% no estado de SP.
Antes da mudança desta quarta (7), o governo de São Paulo havia adiado três vezes a liberação do funcionamento do comércio até as 22h, renovando a chamada fase de transição do Plano SP que iria até o dia 15 de julho.
No final de maio, o comércio foi autorizado a elevar a capacidade máxima de 30% para 40%. Na prática, porém, não há lei, multa ou fiscalização para verificar esse percentual.
Pandemia no estado
Nesta semana, o estado registrou pela primeira vez em quatro meses número total de pacientes internados com Covid em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) menor que 9 mil.
Embora as internações estejam caindo em julho, o número absoluto registrado nesta semana ainda é 40% maior do que o recorde da primeira onda em 2020, quando 6.416 pacientes ocupavam leitos de UTI há exatamente um ano.
A taxa geral de ocupação de leitos de UTI é de 70% no estado e de 64,56% na Grande São Paulo, considerando toda a rede de saúde.
Nove regiões do interior do estado, no entanto, ainda apresentam ocupação acima de 80% (Araraquara, Barretos, Bauru, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, S. João da Boa Vista, S. José do Rio Preto e Sorocaba).
De acordo com o coordenador executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, o governo espera que a ocupação caia com o avanço da vacinação.
“Nesses municípios em que a ocupação ainda é superior a 80%, seja analisada, discutida localmente a possibilidade da manutenção de algumas medidas restritivas. Nós esperamos que, com isso, nas próximas semanas já tenhamos indicadores melhores. Então é fundamental que os prefeitos e as regionais de saúde que ainda apresentam ocupação mais alta analisem localmente a manutenção de horários de funcionamento”, disse.
O número de novos casos e de mortes por Covid no estado entraram em queda, mas ainda estão em patamar muito elevado, também superior ao registrado no pico primeira onda da doença em 2020.
A média móvel diária de novas mortes é de 465 nesta quarta, valor 20% menor do que o registrado há 14 dias, o que indica tendência de queda. No pior momento de 2020, no entanto, o recorde na média móvel de mortes havia sido de 289.
A média diária de caos é de 13.823 nesta quarta, valor 21% menor do que o registrado há 14 dias.
Autoridades de saúde também se preocupam com a chegada da variante Delta ao estado de São Paulo, o que pode voltar a aumentar o número de casos.
“A notícia de que nós temos a variante Delta aqui no estado de são Paulo é motivo de mantermos todas as normas de segurança, porque nós não sabemos ainda qual vai ser o comportamento dessa variante. Nós sabemos que na Europa e em Israel essa variante tem provocado um aumento no número de casos, inclusive com uma pequena redução da efetividade das vacinas. Mas eu diria que aqui nós precisamos de mais tempo e informação, até porque essa variante concorre com uma outra variante que nós já enfrentamos que é a variante Gama”, disse Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência.