Elias Jabbour: “A China não é e nunca foi imperialista – e isso molda a nova ordem global”

Para o economista, papel pacífico da China e sua parceria com a Rússia são centrais na construção de um mundo multipolar baseado no respeito entre as nações

(Foto: Reprodução / Brasil 247)

A China jamais buscou dominar outros povos ou impor seu modelo político a outras nações. E não será diferente no futuro. Essa é a visão do economista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Elias Jabbour, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, da TV 247. Para ele, o papel pacífico da China no cenário internacional é essencial para compreender a transição em curso rumo a uma nova ordem mundial multipolar, centrada na cooperação e no respeito mútuo.

“A China nunca foi um país imperialista – e não será”, afirma Jabbour. Ele aponta que essa postura é evidenciada na política externa chinesa, sustentada pelo conceito de “destino compartilhado da humanidade”. “Quando a China fala em destino compartilhado, isso não é discurso, é real. A China respeita seus parceiros e os trata como adultos na sala de jantar”, diz.

O economista compara essa abordagem com a política dos Estados Unidos, que mantêm cerca de 800 bases militares ao redor do mundo. “A China não tem interesse em se tornar o país hegemônico. Não é a China que está matando crianças em Gaza ou promovendo golpes de estado”, afirma, em referência às crises recentes que envolvem o Ocidente.

Segundo Jabbour, o desenvolvimento da China está intimamente ligado à Revolução de 1949, que pôs fim ao chamado “século de humilhação” sofrido pelo país, e às reformas econômicas de 1978, que se aprofundaram sob a liderança de Xi Jinping. “A China é o que é hoje pela revolução que aconteceu em 1949 e depois pelas reformas de 1978 e, mais recentemente, pelo aprofundamento das reformas pelo presidente Xi Jinping”, resume. Ele também destaca o papel histórico de Mao Zedong, a quem chama de “uma das maiores figuras da História”.

Outro ponto fundamental, segundo Jabbour, é o protagonismo da China durante a Segunda Guerra Mundial, quando o país perdeu cerca de 30 milhões de pessoas na resistência à ocupação japonesa. “O país que mais sofreu baixas foi a China. E sua contribuição para a vitória contra o fascismo ainda é pouco reconhecida”, observa.

Ao analisar o cenário geopolítico atual, o professor aponta a aliança sino-russa como um dos pilares da nova arquitetura internacional. “A parceria estratégica entre China e Rússia é o grande acontecimento do século 21”, afirma. “A Rússia conseguiu, militarmente, frear o imperialismo na guerra da Ucrânia”, acrescenta. Para ele, a aproximação entre Moscou e Pequim representa um novo eixo de poder, no qual o Sul Global começa a assumir um papel de protagonismo na reorganização das relações internacionais.

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