Durante entrevista ao Bom Dia 247, o ativista por direitos humanos Thiago Ávila celebrou a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Rússia, onde participa das cerimônias em memória da vitória soviética sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial. Para Ávila, o gesto de Lula tem peso histórico e representa uma tomada de posição clara diante das estruturas de dominação ainda vigentes no mundo contemporâneo.
“É muito importante que tenhamos um presidente que vai comemorar, provavelmente, a vitória mais importante da história da humanidade contra uma ideologia odiosa como era o nazismo — e que tenha coragem de fazer isso em um mundo em transformação”, afirmou Ávila. Ele destacou a trajetória política de Lula como base para o posicionamento atual. “Força política que se acumula é para gastar. Lula acumulou muita força por toda sua trajetória e agora é hora de usá-la para semear um futuro livre do nazismo, do fascismo, do sionismo também”, pontuou.
A declaração ocorre em meio a críticas da imprensa tradicional à viagem de Lula e à aproximação do Brasil com países como China, Rússia e Irã, em contraste com o histórico alinhamento aos Estados Unidos e à Europa Ocidental. Para Ávila, essa crítica ignora o esforço do presidente em fortalecer um mundo multipolar e uma política externa soberana. “Lula é muito bem-vindo para o povo russo e para todas as pessoas que celebram a derrota do fascismo e do nazismo”, afirmou.
O ativista também criticou o papel da cultura ocidental na manutenção de uma narrativa dominante, que, segundo ele, desumaniza os povos do Sul Global e mascara crimes do imperialismo. “Somos ensinados a conhecer os bairros de Nova York, os rios da Europa, mas a ignorar nossos vizinhos latino-americanos, a África, a Ásia”, disse. “A indústria cultural serve como ferramenta de propaganda para manter a hegemonia de um sistema capitalista em sua fase imperialista.”
Diante da repressão contra protestos estudantis nos Estados Unidos — especialmente os que denunciam a ofensiva israelense contra o povo palestino —, Ávila apontou a contradição do que se autodenomina “mundo livre”. “Ontem prenderam mais de 40 estudantes nos EUA por protestarem contra o genocídio em Gaza. Isso mostra a hipocrisia das potências ocidentais”, criticou. Para ele, é cada vez mais evidente que a resistência popular organizada é fundamental para enfrentar esse cenário.
Ao encerrar sua participação, Ávila fez um apelo à mobilização coletiva. “O mundo precisa deter o genocídio. E, para isso, precisamos de aliados como o 247. Agradeço vocês”, disse, referindo-se ao canal de mídia independente e à atuação da Flotilha da Liberdade, missão humanitária internacional que busca romper o bloqueio a Gaza.