O partido Podemos, de Sérgio Moro, apresentou denúncias contra o encontro internacional do Grupo de Puebla realizado na UERJ ontem e hoje (29 e 30 de março). No pedido, encaminhada pelo deputado estadual Alexandre Freitas, o encontro era taxado como ‘comício disfarçado de encontro internacional’.
O pedido, no entanto, foi negado pelo TSE. A ministra Maria Claudia Bucchianeri julgou improcedente a denúncia, e afirmou que o cargo de Freitas não é prerrogativa para denunciar uma suposta propaganda irregular. A legitimidade para tal pertence aos diretórios nacionais de partidos políticos, coligações, candidatos e o Ministério Público Eleitoral.
O “Encontro Internacional Democracia e Igualdade: Por um novo modelo solidário de desenvolvimento”, organizado pela UERJ e Grupo de Puela, foi realizado entre os dias 29 e 30 de março, contando com a presença de lideranças internacionais, como os ex-presidentes da Colombia e Espanha, Ernesto Samper e José Luís Rodríguez Zapatero. Os ex-presidentes Lula e Dilma também marcaram presença.
Com falas criticando a ‘mordaça’ e ironizando as tentativas frustradas de cancelar o evento, os participantes foram constantemente ovacionados por uma plateia que lotou a concha acústica da UERJ, de capacidade máxima de duas mil pessoas. Os participantes lotavam os andares da universidade e os corredores nos arredores do palco.
No encontro, Aloizio Mercadante, que coordena o Grupo de Puebla, saldou o TSE pela decisão, afirmando que a acusação do deputado do PODEMOS seria uma tentativa de “impedir a autonomia universitária”.
Em sua intervenção, a ex-presidenta Dilma Rousseff relembrou seu discurso proferido em 31 de março de 2016, quando fora anunciado seu afastamento do governo, que “voltaríamos [ao governo] e voltamos”, concluiu.
Criticando a política de preços praticada pela Petrobras e as ameaças de privatização, ex-presidenta afirmou: “Nós não vamos deixar a Petrobras ser entregue para as grandes empresas internacionais.” Constantemente ovacionado, o ex-presidente Lula fez uma fala semelhante, afirmando que “Voltaremos para abrasileirar o preço das coisas”.
Lula se posicionou como um líder global, afirmando a soberania e independência da América Latina. Segundo o ex-presidente, durante os governos do PT (2003-2015), o Mercosul foi fortalecido, a ALCA (Área de Livre-Comércio das Américas) foi rejeitada, e que o Brasil passou a ser um mediador de conflitos na América Latina: “Não falamos fino com os EUA, nem falamos grosso com a Bolívia”, afirmou Lula.
Sobre a ‘operação militar especial’ lançada pelo presidente russo Vladmir Putin contra as forças armadas da Ucrânia, Lula clamou pelo fim do conflito. “O povo precisa de paz, quer emprego, salário, educação, cultura, vida, não quer morte. A quem interessa essa guerra? A razão dessa guerra seria resolvido no Brasil numa mesa tomando cerveja. Se não na primeira cerveja, na segunda, se não desse, na terceira. Até acabar as garrafas, a gente iria fazer um acordo de paz”.