Cidades submersas, casas evacuadas, estradas destruídas e uma população tentando se reerguer em meio ao caos. Esse é o cenário que assola o sul da China desde o último fim de semana, após chuvas descritas como “as mais intensas em um século” deixarem mais de 183 mil pessoas afetadas, especialmente na região de Huaiji, província de Guangdong.
Na quarta-feira (18), o nível da água no condado de Huaiji atingiu 55,22 metros, superando todos os registros anteriores e forçando autoridades a ativar o mais alto nível de emergência no sistema nacional de prevenção de desastres. Escolas e repartições públicas foram fechadas, o transporte paralisado e, em várias áreas, houve cortes de energia e água. Quase 70 mil moradores precisaram abandonar suas casas.
O impacto econômico também já se mostra significativo: os prejuízos diretos em Huaiji são estimados em mais de 41 milhões de yuans (cerca de R$ 31 milhões). Quase nove quilômetros de estradas foram comprometidos e mais de 19 cidades da região foram afetadas.
Mas os efeitos da tempestade não se restringem à província de Guangdong. Outras quatro províncias chinesas enfrentam alagamentos graves, ainda que em menor escala, com o governo chinês classificando essas situações no nível IV de emergência — patamar que indica danos moderados e tempestades dispersas.
Respostas rápidas e mobilização nacional
O governo chinês mobilizou um robusto aparato para lidar com a catástrofe. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) já alocou 60 milhões de yuans (aproximadamente R$ 45,6 milhões) em recursos do orçamento central para apoiar ações de emergência. Mais de 500 equipamentos, como escavadeiras, carregadeiras e botes infláveis, foram deslocados para reforçar as equipes de resgate e reconstrução.
Empresas estatais e privadas também colaboram nos esforços, fornecendo kits de emergência, alimentos, roupas e abrigo temporário para as famílias desabrigadas. Caminhões com donativos, maquinário e pessoal especializado seguem chegando à região.
Brasil acompanha cenário com atenção
Embora o desastre tenha ocorrido do outro lado do mundo, o Brasil acompanha com atenção. A China é o maior parceiro comercial do país e uma das principais fontes de investimento em setores estratégicos como infraestrutura, energia e agronegócio. Episódios climáticos extremos como este não só geram preocupação humanitária, mas também impactam o funcionamento de cadeias logísticas e industriais com reflexos diretos no comércio bilateral.
Além disso, em um momento de estreitamento das relações sino-brasileiras — especialmente com a ampliação da presença de empresas chinesas no Brasil e a busca por mais sinergias nas áreas de tecnologia e sustentabilidade — a resiliência chinesa diante de desastres naturais e sua capacidade de resposta são acompanhadas com atenção por autoridades e investidores brasileiros.
A tragédia em Huaiji reacende também o debate global sobre mudanças climáticas, eventos extremos e a urgência de ações coordenadas. Em um mundo cada vez mais conectado, os desafios enfrentados por um país têm, inevitavelmente, repercussões no restante do planeta. E nesse cenário, Brasil e China, como grandes economias emergentes, têm um papel central na busca por soluções conjuntas.