Xi Jinping assina acordos com Vietnã em comércio e defesa marítima

Viagem do presidente chinês ao Sudeste Asiático busca novas cooperações em meio à guerra tarifária de Trump; mandatário agora embarca para Malásia e Camboja

(Foto: Reprodução/ Xinhua/ Li Xueren)

O presidente da China, Xi Jinping, durante sua visita oficial ao Vietnã, nesta terça-feira (15/04), assinou junto ao secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã (PCC), To Lam, uma série de acordos de cooperação entre as duas nações asiáticas, com destaque para a cooperação comercial e defesa marítima, em meio à guerra comercial com os Estados Unidos.

Os acordos assinados abrangem setores como cooperação, alfândega, comércio agrícola e inteligência artificial (IA). No âmbito comercial, o presidente chinês declarou que “o megamercado da China está sempre aberto ao Vietnã e o país dá as boas-vindas a mais produtos vietnamitas de alta qualidade”.

“A China incentiva suas empresas a investir no Vietnã e espera que o Vietnã crie um ambiente de negócios mais justo e amistoso”, defendeu Xi.

Em seu discurso durante a reunião com representantes da Reunião de Amizade dos Povos Chinês e Vietnamita em Hanói, capital do Vietnã, ao lado de To Lam, e do presidente vietnamita, Luong Cuong, Xi observou que “a raiz, o sustento e a fonte da força das relações China-Vietnã estão nas pessoas”.

“China e Vietnã implementam ativamente a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global, defendem firmemente a equidade e a justiça internacionais e estão consistentemente do lado certo da história e do lado progressista dos tempos, contribuindo, assim, com mais energia positiva para a Ásia e o mundo”, defendeu o mandatário chinês.

Por sua vez, To Lam disse que a realização da Reunião de Amizade dos Povos Chinês e Vietnamita é de grande importância, pois coincide com a visita histórica de Xi ao Vietnã, o 75º aniversário dos laços diplomáticos entre os dois países e o Ano China-Vietnã de Intercâmbios Interpessoais.

Observando que a cooperação amistosa sempre foi a corrente principal das relações China-Vietnã, o secretário-geral disse ainda que o lado vietnamita “sempre se lembrará de que o PCCh, o governo chinês e o povo chinês forneceram assistência altruísta à independência nacional, reunificação e processo de desenvolvimento do Vietnã”.

Assim, Xi propôs seis medidas para aprofundar a construção da comunidade China-Vietnã com um futuro compartilhado. Leia os eixos dos acordos assinados entre China e Vietnã:

  • Aumentar a confiança mútua estratégica em um nível mais elevado: os líderes dos dois partidos e países devem se comunicar entre si como parentes, observando que os dois lados devem fazer com que os canais interpartidários, e os entre os órgãos legislativos e as organizações consultivas políticas desempenhem plenamente seu papel de canais, aprofundar a troca de experiências em governança e melhorar a liderança dos dois partidos na promoção da modernização nacional.
  • Construir uma barreira de segurança mais forte: os dois lados devem estabelecer o diálogo estratégico “3+3” sobre diplomacia, defesa e segurança pública entre os dois países em nível ministerial para aprimorar a coordenação estratégica. É necessário desempenhar plenamente o papel dos mecanismos de cooperação de segurança de defesa e aplicação da lei, combater resolutamente apostas online, golpes por telefone e internet e outros crimes transfronteiriços, fortalecer a aplicação da lei bilateral e multilateral e a cooperação judiciária, especialmente dentro do quadro da Cooperação Lancang-Mekong, de modo a proteger a vida e a propriedade das pessoas e manter a paz e a estabilidade regionais.
  • Expandir a cooperação mutuamente benéfica de maior qualidade: Devem aproveitar as principais oportunidades das novas forças produtivas de qualidade da China e das novas forças produtivas do Vietnã para acelerar a formação de cooperação prática entre os dois países. Devem realizar a conexão abrangente de ferrovias, rodovias e portos inteligentes quanto antes. Devem promover a cooperação em alta tecnologia, como a inteligência artificial e a Internet das Coisas.
  • Estreitar os laços entre pessoas: A China e o Vietnã devem aproveitar o Ano China-Vietnã de Intercâmbios Interpessoais como uma oportunidade e organizar mais atividades de intercâmbio orientadas para as pessoas, além de aumentar a cooperação em turismo, cultura, mídia, saúde pública e outros campos. Os dois lados devem continuar a explorar os recursos do patrimônio revolucionário e promover histórias de amizade. Nos próximos três anos, a China convidará jovens vietnamitas à China para “Excursões de Estudo Vermelho”, o que ajudará a geração mais jovem de ambos os países a entender melhor a natureza duramente conquistada dos países socialistas e o grande valor da boa vizinhança e da cooperação amigável China-Vietnã, e cultivará maior vitalidade para o desenvolvimento das relações bilaterais e dos respectivos esforços de desenvolvimento nacional.
  • Realizar uma coordenação multilateral mais próxima: A China e o Vietnã devem defender conjuntamente os resultados da Segunda Guerra Mundial, salvaguardar firmemente o sistema internacional com as Nações Unidas em seu núcleo e a ordem internacional baseada no direito internacional, promover um mundo multipolar mais igualitário e ordenado e uma globalização econômica que seja mais inclusiva e benéfica para todos, além de reforçar a cooperação sob as estruturas das três grandes iniciativas globais. A China permanecerá comprometida com os princípios de amizade, sinceridade, benefício mútuo e inclusão e com a política da busca pela amizade e parceria com seus vizinhos. Ela aprofundará a cooperação amigável com os países vizinhos para que os frutos da modernização chinesa possam beneficiar melhor a região.
  • Alcançar uma interação marítima mais positiva: os dois países devem implementar com seriedade o consenso alcançado pelos líderes dos dois países, gerenciar adequadamente as questões marítimas, expandir a cooperação marítima, demonstrar determinação no lançamento de desenvolvimento conjunto e trabalhar para a conclusão rápida do Código de Conduta no Mar do Sul da China.

Sudeste asiático em meio à guerra comercial

Durante a agenda, Xi, acompanhado por To Lam e Luong Cuong, assistiu a uma exposição de fotos marcando o 75º aniversário dos laços diplomáticos entre a China e o Vietnã. Os mandatários, acompanhados do primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, testemunharam conjuntamente a cerimônia de lançamento do mecanismo de cooperação ferroviária China-Vietnã.

A visita do líder chinês, que estava sendo planejada há semanas, ocorre em um momento em que Pequim enfrenta tarifas norte-americanas de 145%, enquanto o Vietnã, que tem a China como seu maior parceiro comercial e é um dos países mais afetados pelas tarifas adicionais que os EUA planejam impor, está negociando uma redução de 46% nas taxas do presidente dos EUA, Donald Trump.

Após sua passagem pelo Vietnã, Xi chega à Malásia ainda nesta terça-feira, a segunda parada de sua viagem à região, que também inclui uma visita oficial ao Camboja, ambos países afetados pelas tarifas adicionais de 24% e 49%, respectivamente.

Trump, por sua vez, reagiu à viagem de Xi pelo Sudeste Asiático em busca de novas cooperações em meio à guerra tarifária. O presidente republicano sugeriu que a agenda diplomática do mandatário chinês teria a intenção de “prejudicar” os Estados Unidos.

“Eu não culpo a China; eu não culpo o Vietnã. “Foi uma reunião adorável. Uma reunião como se estivéssemos tentando descobrir: ‘Como podemos ferrar com os Estados Unidos da América?’”, disse Trump a repórteres na Casa Branca, e citado pelo jornal britânico The Guardian.

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