Um novo segmento vem se consolidando no turismo brasileiro: o chamado “turismo do sono”. A tendência, que ganhou força durante a pandemia, tem atraído viajantes em busca de descanso profundo, com hotéis boutique cada vez mais investindo em infraestrutura voltada ao bem-estar noturno.
De acordo com uma pesquisa global da Booking.com em 2023, 58% dos brasileiros afirmaram que viajar significa, sobretudo, ter uma boa noite de sono. Outro levantamento, divulgado pela Binke em janeiro, mostrou que 82% dos brasileiros viajam para relaxar e 41% colocam o conforto da cama como fator decisivo na escolha da hospedagem.
Em Gramado (RS), destino conhecido por seus parques, chocolates e luzes natalinas, o hotel boutique Wood redesenhou sua proposta em abril deste ano. A unidade passou a restringir a estadia a hóspedes acima de 14 anos e agora oferece uma “experiência completa de sono”. Os 28 quartos foram equipados com colchões de diferentes densidades, alguns com massagem vibratória programável, além de um ritual noturno que inclui escolha personalizada de travesseiros, troca de enxoval, iluminação suave, música relaxante e climatização ajustada. O serviço ainda disponibiliza chás calmantes, aromaterapia e banhos de luz colorida combinados à hidromassagem.
No sul de Santa Catarina, a Morada dos Canyons também aderiu ao movimento. O empreendimento conta com suítes, chalés e casas de campo equipados com colchões de massagem, travesseiros ergonômicos, blackout eficiente e isolamento acústico. Para o proprietário Tiago Marcelino, o investimento é uma forma de se destacar em um mercado cada vez mais competitivo: “Embora o turismo do sono ainda não seja o principal atrativo, os hóspedes valorizam quando percebem que o hotel prioriza o descanso.”
Especialistas lembram que, diante da popularização do conceito, muitos hotéis passaram a utilizar o “turismo do sono” como estratégia de marketing. Nesse cenário, a recomendação é que o viajante busque referências e escolha hospedagens capazes de oferecer uma experiência real de descanso, indo além do discurso publicitário.
No Brasil, o fenômeno mostra que o turismo não se resume apenas a passeios e atrações culturais: para uma parcela crescente dos viajantes, a melhor lembrança da viagem pode estar em uma noite de sono reparadora.