Trump anuncia tarifas de 50% sobre aço e alumínio, e Brasil entra na mira

Medida que atinge principalmente exportações chinesas pode ter efeito cascata na indústria brasileira

(Foto: Reprodução / Getty Images)

O ex-presidente americano Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (5) que dobrará as tarifas sobre importações de aço e alumínio para 50% caso seja eleito em novembro. A medida, que visa claramente a China – responsável por 60% das exportações globais de aço -, pode ter um impacto indireto, porém significativo, na indústria brasileira. O Brasil, nono maior produtor mundial de aço, teme ser atingido por um possível efeito dominó no comércio global de metais.

O que está em jogo para o Brasil

A proposta trumpista surge em um momento delicado para o setor siderúrgico brasileiro:

  • Exportações em risco: 15% do aço brasileiro vai para os EUA, gerando US$ 2,3 bilhões em 2023
  • Excesso de oferta global: Com a China potencialmente desviando suas exportações para outros mercados, os preços internacionais podem cair
  • Custos industriais: Setores como automotivo e construção civil podem sofrer com aumento nos preços de insumos

“A medida é claramente anti-China, mas nós podemos ser atingidos como dano colateral”, alerta Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil.

A perspectiva chinesa e os impactos indiretos

A China já reagiu às declarações de Trump, com o Ministério do Comércio afirmando que “qualquer medida unilateral viola as regras da OMC”. Analistas apontam três possíveis cenários que afetariam o Brasil:

  1. Desvio comercial: Com tarifas altas nos EUA, a China pode inundar outros mercados com aço barato, pressionando os preços globais
  2. Retaliações setoriais: Pequim pode responder com restrições a commodities usadas na produção de aço, como minério de ferro (do qual o Brasil é segundo maior exportador para a China)
  3. Guerra cambial: Uma desvalorização competitiva do yuan poderia afetar todas as exportações brasileiras para a China

Oportunidades em meio à crise

Paradoxalmente, a situação pode trazer algumas vantagens para o Brasil:

  • Substituição de importações: Produtores nacionais podem ganhar espaço no mercado interno
  • Parcerias tecnológicas: Empresas chinesas podem acelerar investimentos em joint ventures no Brasil para contornar barreiras
  • Diversificação de mercados: Abertura de novos canais de exportação para Ásia e África

O Itamaraty já sinalizou que buscará esclarecimentos com a equipe de Trump sobre os detalhes da proposta. Enquanto isso, a indústria brasileira se prepara para um possível terremoto no comércio global de metais – mais um capítulo na complexa relação entre as duas maiores economias do mundo, onde o Brasil tenta navegar sem se queimar.

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