Enquanto permanece o impasse em relação ao acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, Israel continua a bombardear a cidade de Rafah na fronteira com o Egito. Segundo o Ministério da Saúde do território palestino, 97 pessoas morreram nos bombardeios nas últimas 24 horas.
Segundo a agência de notícias AFP, a aviação israelense lançou uma dezena de bombardeios contra Rafah e Khan Yunis na noite de quarta-feira, alguns quilômetros mais ao norte. “Acordei com o som de uma grande explosão, como um terremoto. Havia chamas, fumaça, explosões e poeira por toda parte”, disse Rami Al Shaer, de 21 anos, em Rafah, à AFP.
Cerca de 1,5 milhão de palestinos estão em Rafah, a maioria refugiados. Desde o início do conflito em outubro passado, os ataques de Israel deixaram 29.410 mortos, a grande maioria deles civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do território. Encurralados por combates durante mais de quatro meses, os habitantes de Gaza estão atolados em uma grave crise humanitária. Segundo a ONU, 2,2 milhões dos quase 2,4 milhões de habitantes do território estão ameaçados pela fome.
A situação humanitária é especialmente alarmante no norte do território, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que na terça-feira foi obrigado a suspender o envio de ajuda devido à “violência” e ao “caos” que prevalecem na região. Perante esta situação, houve novas discussões sobre um plano de paz elaborado pelos países mediadores (Catar, Estados Unidos e Egito).
A primeira etapa deste plano prevê uma trégua de seis semanas, uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel e a entrada de comboios de ajuda humanitária em Gaza. “Queremos chegar a um acordo (…) o mais rápido possível”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller. Esta semana, porém, os Estados Unidos vetaram pela terceira-vez uma proposta de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU.
O ministro das Relações Exteriores brasileiros, Mauro Vieira, criticou a atuação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) diante de principais conflitos internacionais, como a guerra da Ucrânia e de Israel em Gaza. A declaração aconteceu na abertura da reunião dos chanceleres do G20, nesta terça-feira (21), no Rio de Janeiro (RJ).
Impasse
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vem anunciando uma próxima ofensiva terrestre em Rafah, que considera o “último reduto” do Hamas, para libertar reféns sequestrados pelo Hamas. O Parlamento israelense aprovou na quarta-feira (21), por ampla maioria, uma resolução proposta por Netanyahu contra qualquer “reconhecimento unilateral de um Estado palestino”.
A votação ocorreu poucos dias depois de o jornal americano The Washington Post ter afirmado que os Estados Unidos e vários países árabes estavam desenvolvendo um plano de paz global com um calendário para a fundação de um Estado palestino quando terminar o atual massacre israelense em Gaza.
O Hamas exige um cessar-fogo, a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, o fim do bloqueio israelense imposto desde 2007 e a criação de áreas seguras para as centenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.