A China e o Brasil mantêm um programa de cooperação espacial desde 1988. Ao longo desses 36 anos, o Programa China-Brasil de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS, da sigla em inglês para China-Brazil Earth Resources Satellite) atua para o desenvolvimento, o lançamento e a operação de uma série de satélites destinados à observação da Terra.
Nesta segunda-feira (5), foi realizado em Pequim, capital nacional da China, o Simpósio de Cooperação Espacial China-Brasil. O evento contou com a participação do brasileiro José Raimundo Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Coelho foi um dos 50 especialistas estrangeiros que receberam o Prêmio de Amizade do Governo Chinês 2023, o maior prêmio disponível para personalidades que contribuíram de forma notável à modernização da China. Em entrevista concedida ao jornal chinês que circula em inglês Global Times, ele saudou a relação sinobrasileira por meio do CBERS.
“Qualquer coisa relacionada à cooperação entre países depende das relações deles. As relações entre a China e o Brasil são muito boas por causa dos satélites. Mas não precisamos fazer apenas os satélites.Temos que pegar o que fazemos com os satélites e colocá-los para fazer outra coisa, coisas diferentes, porque temos boas relações. Gostamos dos chineses e os chineses gostam dos brasileiros”, destacou Coelho.
Ajuda mútua para o sensoriamento remoto
O gerente chinês de missão do projeto CBERS, Ma Shijun, comentou ao Global Times como dois países em desenvolvimento, a China e o Brasil ajudaram-se mutuamente e avançaram a tecnologia relevante de satélite de sensoriamento remoto graças ao programa de décadas.
“Através da cooperação no programa CBERS, a China conseguiu um melhor alinhamento com os padrões internacionais. A resolução e a qualidade das imagens também melhoraram gradualmente e agora atingiram o nível líder mundial”, observou Ma.
Avanço na parceria CBERS
Em 8 de março de 2022, durante a 6ª reunião do Subcomitê Espacial da Coordenação de Alto Nível China-Brasil e de Cooperação, Brasil e China confirmaram oficialmente o início do trabalho conjunto de verificação do plano tecnológico do satélite CBERS-06.
Em abril de 2023, o presidente brasileiro Lula visitou a China, e o protocolo suplementar do projeto do satélite CBERS06 foi assinado na presença de líderes de ambos os lados.
Para que serve o CBERS
Esses satélites têm desempenhado um papel fundamental na coleta de dados para, por exemplo, monitoramento ambiental e de desastres, planejamento urbano, controle de desmatamento, agricultura, silvicultura, topografia, gestão sustentável do meio ambiente e de recursos hídricos e no desenvolvimento socioeconômico de ambos os países.
Com a ajuda dos dados do satélite CBERS, a China e Brasil promovem ampla cooperação e intercâmbio internacional com países como França, Noruega, Canadá, Austrália, Singapura, Mongólia, Tailândia, Suécia, África do Sul e Egito.
Esse conjunto de satélites têm sido amplamente utilizados na China, no Brasil e na comunidade internacional para a promoção do avanço da tecnologia espacial e a cooperação global em áreas remotas.
A série de satélites CBERS também oferece serviço para a “Carta Internacional sobre o Espaço e Grandes Desastres” e fornece dados gratuitos para organizações internacionais, como a Plataforma das Nações Unidas para Informações Espaciais para Gestão de Desastres e Resposta a Emergências (UN-SPIDER, da sigla em inglês).
Satélites lançados pelo CBERS
O CBERS resultou no lançamento dos seguintes satélites:
- CBERS-1 , lançado em 1999
- CBERS-2 , lançado em 2003
- CBERS-2B, lançado em 2007
- CBERS-3 , lançamento fracassado em 2013
- CBERS-4, lançado em 2014
- CBERS-4A , lançado em 2019