Mais de 150 jornalistas chineses e estrangeiros, inclusive do Brasil, participam do Fórum de Cooperação de Mídia 2024 sobre a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, da sigla em inglês) da China. O evento teve início nesta quarta-feira (28) e vai até quinta-feira (29) em Chengdu, capital da província de Sichuan.
A Revista Fórum participa desta oitava edição do evento, que tem sido realizado desde 2014, com dois profissionais: o diretor de redação, Renato Rovai, e o âncora do Jornal da Fórum, Miguel do Rosário, que também é o editor do blog O Cafezinho.
Com o tema “Aprimorar a Cooperação da Mídia para o Desenvolvimento Comum”, o evento de dois dias foca no novo papel da mídia em fomentar o consenso e reunir forças coletivas para promover uma cooperação de alta qualidade da Nova Rota da Seda.
O fórum também lançará a “Cooperação de Mídia do Cinturão e Rota: Iniciativa de Chengdu” para fortalecer intercâmbios, aprofundar a integração e promover o benefício mútuo e a cooperação ganha-ganha.
Esta edição do fórum inclui várias sessões paralelas focadas na Cooperação Regional do Cinturão e Rota, Diálogo de Cooperação da Mídia e Desenvolvimento da Cultura da Rota da Seda.
Além disso, uma exposição apresentará conquistas na construção conjunta da BRI e a terceira Reunião do Conselho da Rede de Notícias do Cinturão e Rota. Após o fórum, os jornalistas internacionais vão visitar várias regiões em Sichuan para conhecer de perto alguns dos projetos-chave da Nova Rota da Seda.
O fórum é organizado pelo Diário do Povo, principal jornal do Partido Comunista da China (PCCh), pelo Comitê do PCCh em Sichuan e pelo Governo Provincial de Sichuan.
O boom de Chengdu
Este ano marca o 11º aniversário da Nova Rota da Seda e a escolha de Chengdu para sediar o fórum não foi aleatório. A cidade é conhecida como a capital dos pandas gigantes, animais que habitam principalmente as regiões montanhosas das províncias de Sichuan, Shaanxi e Gansu. A Base de Pesquisa de Reprodução de Panda Gigante fica em Chengdu.
Para além de casa desses animais fofinhos, ao longo desses onze anos houve avanços significativos na cidade que estão conectados à BRI. A cidade passou de um interior isolado para um ponto alto de abertura, de um portal regional para um portal internacional, e de uma “quarta cidade” em aviação para uma “terceira cidade” com dois aeroportos internacionais. Chengdu é um participante e promotor da construção conjunta da Nova Rota da Seda e deixou uma marca indelével no processo de planejamento e desenvolvimento dessa iniciativa.
Atualmente, Chengdu conta com 72 linhas aéreas internacionais (regionais) regulares de passageiros e carga; os trens internacionais de Chengdu conectam 112 cidades estrangeiras, e o total de trens China-Europa (Chengdu-Chongqing) ultrapassou 30 mil.
O número de consulados estrangeiros aprovados para se estabelecer em Chengdu aumentou de 7 em 2012 para 23, ocupando o primeiro lugar entre as cidades do centro-oeste da China. As cidades internacionais amigas e relações de cooperação amigável aumentaram para 104 pares, incluindo 71 com países que constroem conjuntamente a Nova Rota da Seda.
O que é a Nova Rota da Seda
A Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, sigla em inglês para Belt and Road Initiative), também conhecida como Nova Rota da Seda, é uma estratégia de desenvolvimento global liderada pela China que visa promover a cooperação econômica entre países ao longo das antigas rotas da Rota da Seda.
Lançada em 2013 pelo presidente Xi Jinping, a iniciativa envolve investimentos em uma vasta rede de infraestrutura, incluindo estradas, ferrovias, portos e outras instalações, destinadas a melhorar a conectividade regional e estimular o crescimento econômico.
A BRI é uma inspiração no conceito da Rota da Seda estabelecida durante a Dinastia Han há dois mil anos – uma antiga rede de rotas comerciais que conectou a China ao Mediterrâneo através da Eurásia por séculos. O objetivo da BRI é conectar a Ásia com a África e a Europa através de redes terrestres e marítimas ao longo de seis corredores.
A BRI compreende um Cinturão Econômico da Rota da Seda – um corredor transcontinental que conecta a China com o Sudeste Asiático, Sul da Ásia, Ásia Central, Rússia e Europa por terra – e uma Rota da Seda Marítima do século 21, uma rota marítima que conecta as regiões costeiras da China com o Sudeste e Sul da Ásia, o Pacífico Sul, o Oriente Médio e a África Oriental, até a Europa.
- Cinturão Econômico da Rota da Seda: Este “Cinturão” se refere à rede de rotas terrestres que se destinam a conectar a China com a Europa através da Ásia Central e do Oriente Médio. Inclui a construção e aprimoramento de redes de transporte terrestre e ferrovias.
- Rota da Seda Marítima do Século 21: Esta “Rota” envolve o desenvolvimento de portos e rotas marítimas que conectam a China ao Sudeste Asiático, ao sul da Ásia, à África e mais adiante até a Europa. Este componente foca na criação de uma rede logística marítima para facilitar o comércio e o transporte de mercadorias.
Até agora, mais de 130 países e 30 organizações internacionais assinaram acordos de cooperação sob a BRI. Os países participantes são incrivelmente diversos, cobrindo a Ásia, Europa, África, América Latina e Oriente Médio.
O Brasil ainda não aderiu à Nova Rota da Seda. Em mais de uma ocasião o presidente Lula sinalizou que o país tem interesse em fazer parte do projeto. A expectativa é de que caso haja a adesão brasileira, ela será anunciada oficialmente durante a visita oficial que o presidente Xi Jinping fará ao país em novembro deste ano.
A BRI define cinco principais prioridades: Coordenação política; Conectividade de infraestruturas; Comércio sem barreiras; Integração financeira; e Laços entre povos.
O Banco Mundial estima que a BRI pode aumentar o fluxo comercial nos países participantes em 4,1%, além de reduzir o custo do comércio global em 1,1% a 2,2%, e aumentar o PIB dos países em desenvolvimento da Ásia Oriental e Pacífico em média de 2,6% a 3,9%.
De acordo com consultores sediados em Londres do Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais (CEBR), a BRI provavelmente aumentará o PIB mundial em US$ 7,1 trilhões por ano até 2040, e os benefícios serão “abrangentes” à medida que a infraestrutura melhorada reduzirá as “fricções que restringem o comércio mundial”.
O CEBR também conclui que o projeto provavelmente atrairá mais países para se juntarem, se a iniciativa de infraestrutura global progredir e ganhar ímpeto.