“Morder o outono” e “comer as sobras”: saboreando tradições populares

(Foto: Reprodução / Heze)

No calendário lunar chinês, o início do outono (立秋) marca não apenas uma mudança de estação, mas também a chegada de costumes cheios de significado. Entre eles estão o “啃秋” (“morder o outono”) e o “吃渣” (“comer as sobras”), tradições que misturam sabores, história e cultura popular.

O “morder o outono” é um costume antigo em que, no primeiro dia da estação, as famílias comem frutas frescas, especialmente melancias, como forma de afastar o calor remanescente do verão e dar boas-vindas ao clima mais fresco. O gesto, simples, simboliza saúde e renovação, e em muitas regiões virou também um momento de confraternização entre vizinhos e parentes.

Já o “comer as sobras” tem origem na sabedoria popular de não desperdiçar. No início do outono, aproveitam-se os ingredientes que restaram da estação anterior — grãos, legumes e carnes — para preparar pratos que garantam energia e nutrição para a transição de clima. Além de reforçar a importância da economia doméstica, o costume reflete o valor cultural de respeito à comida e gratidão pelo que a terra oferece.

Hoje, essas práticas tradicionais, que um dia eram apenas hábitos cotidianos, vêm sendo redescobertas como parte do patrimônio cultural imaterial. Em várias cidades da China, comunidades e associações organizam eventos para reviver o “啃秋” e o “吃渣”, atraindo jovens e turistas interessados em experimentar esses rituais de sabor e memória.

Ao “morder o outono” e “comer as sobras”, não se trata apenas de comer: é saborear a passagem do tempo, celebrar a colheita e manter viva uma herança que conecta gerações.

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