O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião virtual emergencial com os líderes do BRICS para discutir uma reação coordenada ao aumento tarifário imposto pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros, chineses e de outros países emergentes. O encontro está previsto para os próximos dias e contará com a participação de China, Índia, Rússia e África do Sul.
Segundo interlocutores do Planalto, a decisão de Lula reflete a preocupação com os impactos imediatos da medida sobre setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria de base. A avaliação é de que uma resposta articulada entre os cinco países aumentaria o peso político e econômico do bloco diante de Washington.
A China, principal destino das exportações brasileiras e alvo recorrente das tensões comerciais com os Estados Unidos, é considerada parceira-chave nessa negociação. Fontes ligadas à diplomacia em Pequim sinalizam que a coordenação com Brasília pode fortalecer não apenas a defesa de interesses imediatos, mas também a consolidação do BRICS como plataforma de resistência a práticas protecionistas.
Especialistas apontam que a reunião deve discutir desde possíveis contramedidas comerciais até uma estratégia comum de atuação em fóruns internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Também está no radar a ampliação do uso de moedas locais em transações intrabloco, medida vista como forma de reduzir vulnerabilidades frente ao dólar em momentos de instabilidade.
Ao convocar a cúpula, Lula aposta no fortalecimento da concertação política do BRICS em um cenário de tensões comerciais crescentes. A expectativa é que a resposta conjunta seja anunciada após a reunião, reforçando a imagem do grupo como voz relevante do Sul Global frente às iniciativas unilaterais dos Estados Unidos.
