Em todos os estados e no DF, atos pedem ‘fora Bolsonaro’ e mais vacinas

A desaprovação ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deu as caras nas ruas pela primeira vez desde o início da pandemia da covid-19.

Organizados por movimentos sociais e com o apoio de partidos de esquerda, atos realizados em todos os estados e no Distrito Federal tiveram como tônica a defesa do impeachment do presidente e críticas à sua gestão durante a pandemia.

Segundo os organizadores, os atos ocorreram em 213 cidades no Brasil e 14 cidades no exterior, com a presença de mais de 420 mil pessoas. Manifestantes ouvidos em capitais brasileiras afirmaram terem ido às ruas por causa das mais de 460 mil mortes causadas pela covid-19 e para cobrar mais vacinas.

Mas não foi só isso. Também entraram na pauta de reivindicações a demanda por auxílio emergencial de ao menos R$ 600 e os repúdios à privatização de estatais e a cortes de orçamento no MEC (Ministério da Educação).

O governo federal não se pronunciou sobre os protestos. Em suas redes sociais, Bolsonaro não comentou diretamente as manifestações, apenas publicou uma foto em que segura uma camiseta com os dizeres: “Imorrível, imbroxável, incomível”.

Enquanto o presidente causa aglomerações com frequência, tem uma postura negacionista e ignora o uso de máscara, os organizadores dos protestos de hoje adotaram estratégias para minimizar o risco de contágio pelo coronavírus —máscaras e álcool em gel foram distribuídos.

Entretanto, apesar dos pedidos para que fosse mantido o distanciamento social, houve aglomeração nos atos maiores, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Já o uso de máscaras foi amplo.

Em São Paulo, onde ocorreu um dos maiores atos, os manifestantes tomaram ao menos sete quarteirões da avenida Paulista. A PM não fez estimativa de público. Eles caminharam até o centro da capital, onde se dispersaram na altura da Praça Roosevelt.

O Rio — onde Bolsonaro participou de uma “motociata” no domingo (23)— também reuniu milhares de manifestantes. Eles caminharam da avenida Presidente Vargas ao Largo da Carioca, no centro da capital fluminense.

Em Maceió, a servidora federal Lenilda Luna afirmou que o protesto foi motivado pelas revelações da CPI da Covid. Para ela, a ação de hoje deve ajudar a pressionar o Congresso.

Em Porto Alegre, a técnica de mecânica industrial Magdiele Gabert diz que é apartidária e foi às ruas exercer o direito à democracia. “Esse governo vai contra a sua própria população e isso acabou afetando minha família. Meu filho de 16 anos está sem aula e eu perdi minha prima de 22 anos.”

Em Belo Horizonte, o presidente nacional da UP (Unidade Popular), Leonardo Péricles, disse que ir às ruas é essencial neste momento, apesar da pandemia. “Defendemos o isolamento social, mas hoje as pessoas morrem não somente pelo vírus, mas pelo governo. A CPI mostrou que o Brasil poderia ter comprado vacinas já em agosto do ano passado”, declarou.

No Rio, Bruno Rosa, gari de 36 anos do Comitê Socialista de Trabalhadores do PSOL afirmou que foi ao ato por empregos, auxílio emergencial, contra privatizações e pela vacina. “É um ato unificado. Quero vacina. Trabalho para garantir a cidade limpa e não tenho vacina”, afirmou.

O foco da grande maioria dos manifestantes na capital paulista foi o impeachment de Bolsonaro. Um grupo de samba em um carro de som cantou músicas pedindo a saída do mandatário. “Ele não dá mais. Fora Bolsonaro. A gente aqui quer vive”, diz a letra.

O candidato derrotado do PSOL à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos fez um discurso duro na avenida Paulista. Ele pediu o impeachment do presidente, chamou Bolsonaro de “verme” e defendeu as pessoas que decidiram ficar em casa e não ir ao ato.

“Chegou a hora de a gente dar um basta, tirar o Bolsonaro do governo porque nós não vamos esperar sentados até 2022. Não vamos esperar ver nosso povo morrendo, sangrando. Vamos seguir até derrubar o genocida Jair Bolsonaro”, disse Boulos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui