Jarbas disse que o atraso na entrega dos imunizantes foi de 30 dias, reforçando que as vacinas deveriam ter chegado ao país no fim de março.
De acordo com o vice-diretor, em entrevista, Queiroga devia estar fazendo referência a uma carta enviada aos países no dia 28 de fevereiro, que previa a entrega da primeira remessa dos imunizantes entre os meses de fevereiro e junho.
O vice-diretor da Opas, no entanto, não deixou de ressaltar que houve um atraso na entrega dos imunizantes, que atribui, em parte, à situação da Índia, maior distribuidor de vacinas ao consórcio, e que tem enfrentado um recrudescimento de casos de covid-19 no país.
“Esse produtor está tendo dificuldades de cumprir o contrato porque o governo da Índia não tem autorizado as exportações. Há uma busca de se estabelecer uma negociação com o governo da Índia de maneira que pelo menos parte da produção do Serum Institute da Índia pudesse continuar sendo entregue pelo mecanismo Covax”, disse.
Durante a entrevista, Barbosa também afirmou que vê a possibilidade de países mais ricos doarem seus excedentes de vacinas a países da América Latina
“Nós estamos em conversa com alguns países, já pedimos aos Estados Unidos que eles pudessem ajudar a América Latina e o Caribe, principalmente, com as doses de vacina que eles não vão utilizar, e tivemos essa mesma conversa com o governo da Espanha”, afirmou.
“São conversas mantidas de maneira reservada durante algumas semanas pela sensibilidade política do tema, mas agora no dia 1º, durante a reunião da Cúpula Ibero-Americana, o primeiro ministro da Espanha tornou público o desejo da Espanha de fazer uma doação por intermédio do mecanismo Covax, mas priorizando a América Latina”, afirmou o diretor, que disse estar conversando com o país para entender seus critérios de prioridade.
Jarbas também defendeu que países trabalhem em um novo tratado com relação às pandemias. Segundo ele, “nitidamente o mundo se encontra despreparado para fazer face a uma pandemia como essa, se a gente não tem o acesso equitativo (a insumos)”.
“Enquanto alguns países ricos compram vacinas para três, quatro, cinco vezes a sua população, países mais pobres, por exemplo, têm no mecanismo Covax sua única ou principal fonte de recebimento de vacinas, se encontram com dificuldades, porque vários produtores entregam 100% da sua produção no primeiro semestre para os países ricos”, argumentou.
Chegaram ao Brasil, entre sábado (1º) e ontem, mais 4 milhões de doses prontas da vacina de Oxford/AstraZeneca fornecidas por meio do consórcio Covax Facility, iniciativa da OMS para a distribuição global de imunizantes contra a covid.
Foram 220,8 mil doses recebidas anteontem e mais 3,8 milhões desembarcadas ontem no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.