Por causa de uma série de fatores como a pandemia, a fraca recuperação econômica global, as tensões geopolíticas e a recorrência de condições climáticas extremas em muitos países, os preços internacionais dos alimentos aumentaram acentuadamente, a oferta de alimentos está mais apertada, e a segurança alimentar internacional vem enfrentando sérios desafios.
O número de pessoas afetadas pela fome globalmente subiu para cerca de 828 milhões em 2021, um aumento de cerca de 150 milhões desde o surto da pandemia, segundo relatório das Nações Unidas. Se essa tendência persistir, o mundo está se afastando cada vez mais do objetivo de “fome zero” da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, tornando-se uma questão global que afeta o futuro da humanidade. Alimentar a população mundial é hoje uma preocupação comum de todos os países.
A segurança alimentar é sempre um pré-requisito importante na governança da China, um país com uma população de 1,4 bilhão de pessoas. A China é o maior produtor e o terceiro maior exportador de grãos do mundo. Em 2021, a produção agrícola da China criou um novo recorde histórico de 1.365,7 bilhões de catties, estabilizando-se acima de 1,3 trilhão de catties por sete anos consecutivos.
Como o maior país em desenvolvimento do mundo, a China tornou-se, com esforços próprios, basicamente autossuficiente no abastecimento de alimentos e melhorou notavelmente a nutrição e a qualidade de vida da população, fazendo contribuições positivas para salvaguardar a segurança alimentar mundial e promover o desenvolvimento comum.
Ao mesmo tempo, diante da proeminência da insegurança alimentar no âmbito global, a China se baseia na comunidade global de futuro compartilhado, combinado com as condições mundiais e nacionais, e contribui com a sabedoria chinesa para garantir a segurança alimentar internacional. Em julho de 2022, ao participar da reunião dos ministros das Relações Exteriores do Grupo dos 20 (G20), o conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, fez oito propostas para a cooperação internacional na segurança alimentar.
Em primeiro lugar, apoiar as Nações Unidas a desempenhar um papel-chave na coordenação. O papel das Nações Unidas deve ser fortalecido em vez de enfraquecido, e o trabalho da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola e do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas deve ser apoiado.
Em segundo lugar, não impor restrições à exportação sobre a compra de alimentos humanitários pelo PMA.
Em terceiro lugar, oferecer conveniência à entrada sem obstáculos de produtos agrícolas russos, ucranianos e bielorrussos no mercado internacional.
Em quarto lugar, os principais países produtores de alimentos e exportadores líquidos devem liberar seu próprio potencial de exportação, reduzir as barreiras comerciais e técnicas e controlar a utilização de alimentos para fins energéticos, de modo a aliviar a oferta apertada de alimentos no mercado.
Em quinto lugar, as medidas emergenciais tomadas pelos países para o comércio de alimentos devem ser de curto prazo, transparentes, direcionadas e apropriadas, e estar em conformidade com as regras da Organização Mundial do Comércio.
Em sexto lugar, apoiar o Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional e a inovação e cooperação em ciência e tecnologia agrícola entre os países, e reduzir as restrições sobre intercâmbios de alta tecnologia. Em sétimo lugar, reduzir a perda e o desperdício de alimentos.
A China sediou a Conferência Internacional sobre Perda e Desperdício de Alimentos e está pronta para implementar conjuntamente o consenso alcançado na conferência. Em oitavo lugar, ajudar os países em desenvolvimento a melhorar sua capacidade de produção, armazenamento e redução de perdas de alimentos em termos de capital, tecnologia e mercado.
Como os maiores países em desenvolvimento nos hemisférios oriental e ocidental, respectivamente, a China e o Brasil compartilham a responsabilidade de preservar a segurança alimentar e promover o desenvolvimento comum. Nos últimos anos, as relações China-Brasil continuam a avançar de forma estável e saudável, com resultados frutíferos nas cooperações pragmáticas em vários campos, incluindo a cooperação agrícola.
Em maio de 2022, na sexta reunião da Comissão Sino-Brasileira de Concertação e Cooperação de Alto Nível (Cosban), os departamentos relevantes dos dois países chegaram a um consenso sobre a promoção do desenvolvimento do comércio agrícola e o aprofundamento da cooperação no campo agrícola, que foi incluído na lista de resultados.
Os dois países têm uma grande complementaridade e interdependência em termos de recursos agrícolas, produtos competitivos, demanda de mercado e integração tecnológica. A China e o Brasil são, portanto, parceiros naturais na cooperação agrícola. O aprofundamento e a sólida cooperação agrícola entre os dois países não apenas beneficia os dois povos, mas também desempenha um papel mais forte como “pedra de lastro” na garantia da segurança alimentar internacional.
A China está disposta a continuar a fortalecer a cooperação e a coordenação com a comunidade internacional, incluindo o Brasil, e fazer esforços incessantes para salvaguardar a segurança alimentar internacional enquanto luta conjuntamente contra a pandemia, trazendo novas contribuições para a construção da comunidade de futuro compartilhado da humanidade.