Durante a reunião de ministros das Relações Exteriores dos países do BRICS realizada no Rio de Janeiro, o chanceler chinês Wang Yi criticou duramente a postura dos Estados Unidos na guerra comercial em curso. A declaração foi divulgada nesta terça-feira (29), pelo site oficial do Ministério das Relações Exteriores da China.
Segundo Wang Yi, abrir espaço para exigências unilaterais de Washington não é uma solução, mas sim um estímulo à escalada de pressões e tarifas. “Os Estados Unidos se beneficiam imensamente do livre comércio há muito tempo, mas agora estão usando tarifas como alavanca para impor preços altíssimos a outros países. Se fizermos concessões e concessões silenciosamente, o valentão, tendo ganhado um centímetro, ganhará cinco quilômetros”, afirmou o chanceler, numa crítica direta às táticas adotadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Wang também ressaltou que a defesa das regras do comércio multilateral deve ser a prioridade imediata da comunidade internacional. Para ele, a ordem econômica internacional não pode ser moldada por pressões unilaterais nem pela lógica da força. “A manutenção das regras do comércio multilateral é a questão atual mais urgente”, afirmou o ministro, apontando para a necessidade de reforçar instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e os mecanismos de diálogo do BRICS como alternativas viáveis a um sistema baseado em imposições.
O discurso do chanceler ocorre em meio a uma nova rodada de tensões comerciais entre Pequim e Washington, que se intensificaram após a aplicação de novas tarifas sobre produtos chineses por parte do governo Trump. A China, por sua vez, vem defendendo uma resposta firme, porém orientada por princípios multilaterais.
A reunião dos BRICS está sendo um espaço para coordenação política frente aos desafios da economia global, com ênfase na resistência às práticas protecionistas e à hegemonia comercial dos EUA. Wang Yi aproveitou o encontro para reafirmar o compromisso da China com o multilateralismo e para buscar consenso entre os membros do grupo em torno de uma reforma na governança global.
A fala do chanceler chinês ecoa uma crescente insatisfação entre os países em desenvolvimento com os métodos adotados por Washington para preservar sua hegemonia e primazia econômica. No contexto das negociações comerciais e das disputas tecnológicas, a China se apresenta como defensora de uma ordem internacional mais equitativa, em contraposição às práticas coercitivas da Casa Branca.