China sanciona empresas dos EUA em resposta às vendas de armas de Washington a Taiwan

Medidas do governo chinês incluem o congelar ativos móveis e imóveis e proibir organizações e indivíduos no país asiático de realizar transações, cooperação e outras atividades com empresas sancionadas

(Foto: Global Times)

Em reação às vendas de armas dos EUA para Taiwan e às sanções de Washington sobre empresas chinesas, Pequim anunciou que a potência asiática decidiu impor sanções a cinco empresas de defesa estadunidenses.

As medidas do governo chinês incluem o congelamento de ativos móveis e imóveis e outros tipos de propriedade localizados na China, além de proibir organizações e indivíduos no país asiático de realizar transações, cooperação e outras atividades com essas empresas.

Neste domingo (7), o Ministério das Relações Exteriores da China anunciou contramedidas aprimoradas contra as provocações dos EUA sobre a questão de Taiwan.

A avaliação de especialistas chineses ouvidos pelo jornal chinês que circula em inglês Global Times e de que a tolerância da China ao armamento dos EUA na ilha de Taiwan está se esgotando.

As fontes ouvidas pelo periódico chinês acreditam que o último embate entre China e EUA sobre as vendas de armas para Taiwan antes da eleição do líder regional da ilha, que ocorre no próximo sábado, 17 de janeiro, também envia um sinal de alerta a Washington.

O governo dos EUA deve parar de se iludir pensando que pode escapar das consequências ao provocar sobre a questão de Taiwan, e que a China tomará fortes contramedidas contra qualquer movimento provocativo sobre esta questão sensível.

Citando um comunicado do Pentágono do mês passado, a Reuters informou que o Departamento de Estado dos EUA aprovou uma venda de 300 milhões de dólares em equipamentos para ajudar na manutenção dos sistemas de informações táticas da ilha de Taiwan.

A Agência de Cooperação em Segurança da Defesa do Pentágono confirmou que a venda é para o suporte contínuo do ciclo de vida para manter as capacidades de Comando, Controle, Comunicações e Computadores, ou C4, da ilha de Taiwan.

Já a autoridade de defesa na ilha afirmou que a venda ajudaria a manter a eficácia de seus sistemas de comando e controle de combate conjunto, de modo que possa melhorar a consciência do campo de batalha.

EUA violam princípio de Uma Só China

O Ministério das Relações Exteriores da China, no comunicado sobre o assunto neste domingo, reiterou que a ajuda financeira de Washington a Taiwan viola o acordo sino-estadunidense em vigor desde a década de 1970.

“As vendas de armas dos EUA para a região de Taiwan da China em flagrante violação do princípio de uma só China e das estipulações dos três comunicados conjuntos China-EUA, particularmente o comunicado conjunto de 17 de agosto de 1982, e as sanções unilaterais ilegais que os EUA impuseram a empresas e indivíduos chineses sob vários pretextos falsos prejudicam seriamente a soberania e os interesses de segurança da China, minam a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan e violam os direitos e interesses legítimos e legais de empresas e indivíduos chineses. A China lamenta profundamente e se opõe firmemente a isso e fez representações solenes aos EUA.”

Em resposta a ações adotadas pelos EUA e de acordo com a Lei Anti-Sanções Estrangeiras da China, Pequim decidiu sancionar cinco empresas da indústria de defesa dos EUA:

  1. BAE Systems Land and Armament
  2. Alliant Techsystems Operation
  3. AeroVironment
  4. ViaSat
  5. Data Link Solutions.

“As contramedidas consistem em congelar os bens dessas empresas na China, incluindo sua propriedade móvel e imóvel, e proibir organizações e indivíduos na China de transações e cooperação com elas”, esclareceu o ministério.

“Gostaria de enfatizar que o governo chinês permanece inabalável em nossa determinação de salvaguardar a soberania nacional, a segurança e a integridade territorial e proteger os direitos e interesses legais das empresas e cidadãos chineses. Instamos os Estados Unidos a respeitar o princípio de uma só China e os três comunicados conjuntos China-EUA, observar o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, parar de armar Taiwan e cessar de direcionar sanções unilaterais ilegais contra a China. Caso contrário, haverá uma resposta forte e resoluta da China”, disse o comunicado.

Contramedida aprimorada

O pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Lü Xiang, avalia que as sanções anunciadas por Pequim representam um castigo muito mais severo para essas empresas dos EUA.

“Como o congelamento dos ativos móveis e imóveis e outros tipos de propriedades dessas empresas localizadas na China, o que também demonstra a firme determinação da China em frustrar a conluio dos secessionistas de Taiwan com os EUA.”

Lü informou que as últimas vendas de armas incluem sistemas C4 compostos por uma série de equipamentos e softwares que podem aprimorar a capacidade de processamento de dados das forças armadas na ilha de Taiwan.

“Esses equipamentos não servem apenas para equipar Taiwan com armas melhores, mas também para aprimorar as capacidades de compartilhamento inteligente da ilha com os EUA. Esse movimento é de alta sensibilidade e mais destrutivo. Portanto, a China deve tomar uma medida mais severa em resposta aos movimentos perigosos dos EUA.”

A Viasat, uma empresa global de comunicações, que está entre as cinco empresas sancionadas, anunciou em 2022 um acordo com a Sichuan Airlines e a AeroSat Link Technology Co, uma subsidiária da China Satellite Communications.

Segundo o acordo, a companhia aérea selecionou a tecnologia e equipamentos líderes da indústria de Conectividade em Voo da Viasat para instalação em sua frota de aeronaves da família Airbus A320.

No ano passado, a China adicionou dois grandes contratantes de defesa dos EUA, Lockheed Martin Corp e Raytheon Missiles & Defense, à sua lista de entidades não confiáveis e impôs várias sanções, incluindo uma proibição de atividades comerciais relacionadas à China e multas elevadas, contra as empresas por participarem de vendas de armas para a ilha de Taiwan.

A longo prazo, os EUA vêm escalando suas vendas de armas para a ilha de Taiwan, e a China tem revidado de forma gradual e sistemática, disse Xin Qiang, vice-diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade Fudan.

Anteriormente, a China impôs sanções à Lockheed Martin Corp e à Raytheon Missiles & Defense; o próximo passo é expandir a lista para incluir algumas empresas de defesa menos conhecidas, e Xin acredita que a lista pode continuar a se expandir.

“Isso envia um aviso às empresas de defesa dos EUA para exercerem moderação e se absterem de fazer lobby ativo e promover [vendas de armas para a ilha de Taiwan], e lembra ao governo dos EUA para se conter de promover frequentemente e em grande escala a venda de armas e equipamentos avançados para Taiwan”, disse Xin.

Eleições de Taiwan

Observadores chineses comentam ainda que as últimas vendas de armas dos EUA enviam um sinal errado às forças secessionistas de Taiwan antes da próxima eleição do líder regional na ilha em janeiro de 2024.

Além disso, cerca de um mês após o encontro entre os chefes de estado da China, Xi Jinping, e dos EUA, Joe Biden, em San Francisco, na Califórnia, em novembro de 2023, durante o qual Biden disse que os EUA não apoiam a “independência de Taiwan” e não têm intenção de entrar em conflito com a China.

Nas últimas semanas, a mídia ocidental tem exagerado que a eleição representará um teste para as relações “estáveis” entre China e EUA. Por exemplo, a Reuters relatou na última sexta-feira (5) que a próxima eleição do líder regional de Taiwan representa o “primeiro verdadeiro imprevisto em 2024 para o objetivo da administração Biden de estabilizar os laços com a China.”

Lü acredita que as forças políticas dentro da ilha de Taiwan não serão capazes de influenciar a situação geral, e que o que a China precisa se preparar é para o conluio entre os secessionistas de Taiwan e as forças dos EUA.

“As mais recentes contramedidas fortes contra as vendas de armas dos EUA para a ilha têm como objetivo alertar os secessionistas de Taiwan de que confiar no apoio dos EUA só levará a um beco sem saída, e que a China fará o que for necessário para realizar a reunificação. A essência da questão de Taiwan reside no jogo entre a China e os EUA”, observou.

Especialistas chineses disseram que, esperançosamente, esta rodada de sanções contra empresas dos EUA deveria fazer com que o lado estadunidense entenda que quaisquer movimentos provocativos sobre a questão de Taiwan inevitavelmente encontrarão contramedidas firmes.

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