A vida do povo chinês, inclusive de Xinjiang, nunca foi tão próspera. Ainda assim, uma das mais persistentes e amplas mentiras sobre a China está relacionada ao tratamento da minoria muçulmana de uigures dessa região no noroeste do país. O governo chinês tem feito esforços para desfazer essa fake news recorrente na imprensa hegemônica ocidental.
A mais recente campanha de desinformação vem do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR, da sigla em inglês). Nesta terça-feira (27), durante coletiva de imprensa, a porta-voz Ravina Shamdasani afirmou que em relação à Região Autônoma Uigur de Xinjiang, “muitas leis e políticas problemáticas permanecem em vigor”.
Durante coletiva de imprensa regular do Ministério das Relações Exteriores da China nesta quarta-feira (28), o porta-voz Lin Jian esclareceu que a China sempre coloca o povo no centro de todo o trabalho, considera o respeito e a proteção dos direitos humanos como parte importante da governança e tem alcançado conquistas históricas nesse aspecto.
“O povo chinês agora desfruta de um crescente sentimento de realização, felicidade e segurança. Este é um fato simples que qualquer pessoa sem preconceitos pode ver. As pessoas de todos os grupos étnicos na China são iguais e seus direitos e interesses legítimos são plenamente protegidos. Xinjiang hoje desfruta de estabilidade social, crescimento econômico e as pessoas lá vivem uma vida feliz. É o melhor momento da história, onde pessoas de todos os grupos étnicos trabalham juntas por uma vida melhor”, destacou Lin.
O porta-voz informou que a China está pronta para ter trocas e cooperação construtivas com o OHCHR com base no respeito mútuo.
“Acreditamos que o OHCHR precisa cumprir seu mandato de maneira justa e objetiva, respeitar a soberania dos países, respeitar os fatos, conduzir diálogo e cooperação construtivos com os países, rejeitar atos que politizem os direitos humanos ou que estimulem a divisão e a confrontação, e abster-se de ser usado por forças políticas com o objetivo de conter e difamar a China”, finalizou o porta-voz.
A questão dos direitos humanos na China
A declaração da porta-voz do OHCHR, Ravina Shamdasani, foi feita nesta terça-feira em Genebra, na Suíça. Ela afirmou que a China ainda tem “muitas leis e políticas problemáticas” em relação à Região Autônoma Uigur de Xinjiang, dois anos após a publicação de um relatório que insinua violações graves contra os uigures e outras comunidades predominantemente muçulmanas.
O relatório de 31 de agosto de 2022 afirmou que as violações ocorreram no contexto da afirmação do Governo da China de que estava visando terroristas entre a minoria uigur com uma estratégia de contra-extremismo, envolvendo o uso de chamados Centros de Educação e Treinamento Vocacional (VETCs, da sigla em inglês), ou campos de reeducação.
Shamdasani disse que o OHCHR e seu escritório tiveram trocas detalhadas com o Governo da China sobre questões críticas. Os tópicos incluíram leis e políticas de contraterrorismo, justiça criminal e outras políticas preocupantes que impactam os direitos humanos das minorias étnicas e religiosas, incluindo em Xinjiang e na Região Autônoma do Tibete.
Igualdade e não discriminação, bem como preocupações de segurança nacional e direitos humanos na Região Administrativa Especial de Hong Kong também foram abordadas.
“Em particular, sobre Xinjiang, entendemos que muitas leis e políticas problemáticas permanecem em vigor, e novamente pedimos às autoridades que realizem uma revisão completa, sob a perspectiva dos direitos humanos, do arcabouço legal que governa a segurança nacional e o contraterrorismo e para fortalecer a proteção das minorias contra a discriminação. Alegações de violações de direitos humanos, incluindo tortura, precisam ser totalmente investigadas”, disse ela.
Shamdasani destacou que uma equipe de direitos humanos da ONU visitou a China em junho deste ano e se engajou em diálogo com as autoridades, especificamente sobre políticas de contraterrorismo e o sistema de justiça criminal.
A OHCHR espera continuar o engajamento ativo com o Governo Chinês, bem como com a sociedade civil, “para buscar progressos tangíveis na proteção dos direitos humanos para todos na China”, acrescentou a porta-voz.
Entenda a questão de Xinjiang
Para entender de onde vem a avalanche de mentiras sobre Xinjiang é preciso conhecer um personagem central desta campanha anti-China: Adrian Zenz, um antropólogo alemão que nunca colocou os pés em solo chinês. Mesmo assim, ele se apresenta como um especialista na Região Autônoma Uigur de Xinjiang e o ocidente comprou essa autointitulada “expertise”.
As acusações infundadas feitas por Zenz de que há trabalho forçado de pessoas da minoria étnica muçulmana uigur ganharam espaço até na ONU, como é possível constatar com essa nova declaração do OHCHR.
Em março de 2021, Zenz submeteu um relatório detalhado ao Projeto de Direitos Humanos Uigur (UHRP, da sigla em inglês) para consideração pela ONU. O relatório insinua a transferência forçada de trabalhadores uigures para fábricas em outras partes da China e a alega uso de trabalho forçado em Xinjiang.
Zenz argumenta que essas práticas são parte de uma campanha de “alívio da pobreza” através da transferência de mão de obra, que na verdade resulta em trabalho forçado. Mesmo sem nenhum lastro de realidade, o amontoado de mentiras do anticomunista ganhou tração no Ocidente.
Para além da flagrante mentira de um obcecado por combater o comunismo – ele é diretor e pesquisador sênior em estudos sobre a China na Fundação Memorial às Vítimas do Comunismo, um think tank anticomunista estabelecido pelo governo dos EUA e baseado em Washington, DC – o único efeito da campanha de desinformação de Zenz foi causar desemprego forçado entre trabalhadores e trabalhadoras chinesas justamente da minoria étnica que ele jura defender.
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Ataques terroristas em Xinjiang
Para compreender essa campanha de desinformação sobre Xinjiang é preciso compreender o contexto histórico e o que aconteceu naquela região. Quem chega àquele local nota logo que há uma forte segurança em aeroportos, postos de gasolina e locais públicos.
Esse reforço na segurança ocorre porque ataques terroristas ocorreram com frequência por lá a partir da década de 1920, depois que o pan-turquismo e o pan-islamismo se espalharam pela região.
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Os extremistas defenderam a violência, a separação e até a limpeza étnica em Xinjiang, embora a região tenha abrigado vários grupos étnicos por centenas de anos, com alguns grupos até habitando lá muito antes dos uigures.
Milhares de ataques terroristas ocorreram em Xinjiang e se espalharam pelo resto da China até 2017, causando não apenas danos financeiros, mas também a perda de inúmeras vidas de civis inocentes e forças de segurança.
Os grupos de extremistas não visavam apenas pessoas do povo Han – a maioria étnica da China -; eles visavam os uigures que não eram muçulmanos, ou muçulmanos que não concordavam com suas ideologias extremas.
Vários imãs renomados das principais mesquitas de Xinjiang estavam entre as vítimas, como o ex-imã da Mesquita Id Kah, Jume Tayir, que era fortemente contra o radicalismo e foi brutalmente assassinado aos 74 anos em 2014 por um grupo de terroristas em frente à a mesquita depois de terminar as orações matinais. Essa sucessão de tragédias mal são mencionadas por aqueles no Ocidente que afirmam se importar com o povo de Xinjiang.
Assim, a China adotou métodos de desradicalização, semelhantes aos métodos de desradicalização usados por muitos países, incluindo a França, fornecendo educação em centros de treinamento vocacional.
Além da desradicalização, fornecer a essas pessoas uma educação adequada e ensiná-las a obter uma melhor compreensão das habilidades vocacionais, leis e habilidades de mandarim ajudaram muitos a se manterem por conta própria.
A maioria dos graduados foi capaz de administrar negócios, melhorar o rendimento de suas terras agrícolas ou trabalhar em escritórios com os conhecimentos de informática que aprenderam, obtendo uma renda muito mais estável após a formatura.
Esses métodos mostraram que têm sido eficazes, pois nenhum ataque terrorista ocorreu em Xinjiang desde 2017. Aldeias foram tiradas da pobreza extrema. Mulheres pertencentes a minorias étnicas estão trabalhando em todos os setores, muitas vezes como o ganha-pão da família. Mais crianças de minorias estão indo para escolas e faculdades. A renda familiar média aumentou.
Mais turistas estão viajando para Xinjiang a cada ano. Pessoas de todas as religiões podem celebrar suas festas religiosas. Os uigures estão brilhando em suas profissões, como estrelas de cinema, cantores, professores e funcionários do governo.
A vida do povo em Xinjiang nunca foi tão próspera.
Desfazendo mentiras sobre Xinjiang
Em resposta a essa campanha anti-China que ocupa espaços generosos na mídia hegemônica ocidental, a maioria das pessoas no Ocidente aprendeu palavras como “Xinjiang” e “Uygur” que são associadas à violações de direitos humanos.
Na verdade poucos, como Zenz, viram com os próprios olhos qualquer fato que confirme a enxurrada de denúncias ecoadas por matérias na imprensa e denúncias de grupos ativistas descrevendo como as vidas dos uigures são terríveis na China.
As pessoas no Ocidente rapidamente ficaram preocupadas, embora muitas tivessem pouco conhecimento sobre a cultura, história e costumes dos uigures ou da Região Autônoma Uigur de Xinjiang. Confira alguns fatos:
A falácia do genocídio uigur – A população dos uigures na Região Autônoma Uigur de Xinjiang cresceu de 3,6 milhões em 1953 para 11,6 milhões em 2020, de acordo com o sétimo e último censo nacional da China em 2020. Somente entre 2000 e 2020, a população dos uigures cresceu mais de 3 milhões. A taxa de crescimento de 1,67% é muito maior do que a taxa média de crescimento de todos os grupos étnicos minoritários na China, que é de 0,83%.
A mentira do trabalho forçado – O PIB regional de Xinjiang aumentou de 1,23 bilhão de yuans (US$ 184 milhões) em 1955 para 1,4 trilhão de yuans em 2020, de acordo com o Livro Branco sobre direitos iguais de grupos étnicos em Xinjiang em 2021. No final de 2020, 2,7 milhões de pessoas rurais foram resgatadas de pobreza extrema. A renda disponível per capita da população rural foi de 13.052 yuans em 2020, 10,8% a mais do que em 2012.
A lorota do genocídio cultural – Em Xinjiang a língua uigur escrita e falada em todos os lugares, desde sinais públicos, livros, rádios, programas de TV e canções até conversas entre pedestres. Existem 52 jornais e 120 revistas em diferentes idiomas, pois existem mais de 50 grupos étnicos minoritários em Xinjiang, e uigur, mongol, cazaque, quirguiz e xibe são os idiomas mais usados. Várias heranças culturais e costumes uigur não estão apenas na lista do patrimônio nacional, mas também na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO, com o apoio do governo chinês.
Fake news sobre opressão – A fim de ajudar os membros de grupos étnicos minoritários a terem melhor acesso à educação, as crianças em Xinjiang podem desfrutar de 15 anos de educação gratuita do jardim de infância ao ensino médio, muito mais do que a média de nove anos para crianças no resto do país. Para o vestibular, o exame mais competitivo da China, crianças de descendência minoritária recebem pontos extras para garantir que possam alcançar o ensino superior. Os pontos extras variam dependendo da população do grupo étnico.
Desinformação sobre liberdade religiosa – Em Xinjiang, existem cinco religiões principais: islamismo, budismo, cristianismo, catolicismo e ortodoxo oriental. Atualmente, existem mais de 24 mil mesquitas em Xinjiang, mais do que em muitos países de maioria muçulmana. As instituições relacionadas ao Islã foram renovadas nos últimos anos. Várias mesquitas foram atualizadas, ampliadas e equipadas com melhores instalações para ablução, aquecimento e controle de incêndio, incluindo Masjid Yanghang em Urumqi e Mesquita Id Kah em Kashgar. O Instituto Islâmico da China, que oferece educação para qualquer pessoa interessada em se tornar docente ou funcionário de institutos islâmicos na China, construiu oito novos complexos em Xinjiang em 2017, com 200 milhões de yuans do governo.
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