Uma das maiores fabricantes de chips da China avisou que pode ter que rejeitar pedidos de clientes estrangeiros no próximo ano para priorizar a demanda doméstica, segundo apurou o jornal Nikkei Asia. A medida pode ser necessária enquanto Pequim pressiona para construir uma cadeia de suprimentos de tecnologia “segura e controlável” para aumentar sua autossuficiência em tecnologia em meio às tensões diplomáticas com os Estados Unidos.
A Hua Hong Semiconductor, segunda maior fabricante de chips da China, disse a vários de seus clientes estrangeiros — entre elas a taiwanesa Holtek, importante desenvolvedora de chips microcontroladores — que não será capaz de fornecer o volume necessário. A empresa alertou que pode até mesmo ter que rejeitar alguns pedidos de produtores de chips de fora da China devido às restrições de fornecimento da política nacional da China de priorizar a demanda doméstica, acrescentaram as fontes. A fabricante não respondeu aos pedidos da imprnesa internacional para comentar o caso.
O apetite da China por chips já é enorme e está crescendo rapidamente. A Semiconductor Manufacturing International Corp. (SMIC), a maior fabricante terceirizada de chips do país, disse seu recente relatório de lucros que registrou uma alta demanda, já que as empresas chinesas, incluindo as principais fabricantes de smartphones, buscam mais “manufatura local” para seus chips.
A decisão da China de priorizar as necessidades locais ocorre em meio não apenas à escassez global de chips e componentes eletrônicos, mas também durante um momento de contínuas tensões com os EUA.
A Casa Branca também está intensificando os esforços para fortalecer sua cadeia doméstica de chips. Os EUA pediram que as fabricantes tragam parte da produção para o país devido a questões de segurança nacional e pode aprovar US$ 52 bilhões para apoiar a indústria nacional de semicondutores.
O presidente americano, Joe Biden, emitiu recentemente uma ordem executiva para estocar suprimentos, equipamentos e matérias-primas para o setor de defesa, para garantir a continuidade de fornecimento. Analistas afirmam que esse movimento pode agravar ainda mais a escassez global.
Washington também exigiu que os fabricantes globais de chips compartilhem informações comerciais confidenciais para ajudar o governo dos EUA a entender melhor questões como como os chips são feitos e quem são os usuários finais.
Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico