China ganha prestígio entre brasileiros enquanto EUA perdem espaço em meio ao tarifaço

Pesquisa revela mudança de percepção popular: sanções de Trump desgastam imagem dos EUA, enquanto parceria comercial fortalece visão positiva da China

(Foto: Reprodução)

A relação dos brasileiros com as grandes potências mundiais está mudando — e o pivô dessa virada é a crise comercial que envolve Washington e Brasília. Uma pesquisa divulgada pela Genial/Quaest mostra que, enquanto os Estados Unidos veem sua imagem despencar junto à opinião pública, a China aparece cada vez mais bem avaliada pelos brasileiros.

O levantamento indica que a percepção negativa sobre os EUA praticamente dobrou: de 24% em fevereiro de 2024 para 48% agora. É a primeira vez em dois anos que a visão desfavorável supera a favorável — que caiu de 58% para 44% no mesmo período. O desgaste é atribuído diretamente às medidas adotadas pelo presidente Donald Trump, que impôs um tarifaço de 50% sobre diversos produtos brasileiros e sancionou autoridades nacionais, gerando ruídos diplomáticos e prejuízos para exportadores.

No caminho oposto, a China ampliou seu espaço no imaginário brasileiro. Hoje, 49% da população avalia positivamente o país governado por Xi Jinping, contra 38% no levantamento anterior. A fatia de brasileiros com opinião negativa caiu de 41% para 37%.

Comércio como elo central

A melhora da imagem chinesa não é apenas reflexo de diplomacia, mas de prática. A China segue como maior parceiro comercial do Brasil, comprando volumes recordes de soja, carne bovina e minério de ferro. Só em julho, os chineses importaram mais de 10 milhões de toneladas de soja brasileira, consolidando o país como destino central das exportações do agronegócio nacional.

Esse vínculo econômico direto contribui para que os brasileiros vejam Pequim como parceira estratégica, especialmente em um momento em que os EUA endurecem sua postura.

Mais que comércio: geopolítica e opinião pública

A pesquisa também mostra que, para além dos números, há uma disputa narrativa. Enquanto os Estados Unidos são cada vez mais percebidos como um ator que impõe barreiras e pressiona parceiros, a China aparece como colaboradora na construção de uma agenda multipolar — discurso reforçado por iniciativas como o BRICS Pay e por investimentos no setor automotivo e ferroviário brasileiro.

Para especialistas, essa mudança de percepção não significa que os brasileiros abandonem de vez a simpatia histórica pelos EUA, mas evidencia um cansaço diante do unilateralismo de Washington e uma abertura maior para enxergar a China como contraponto.

O Brasil no centro

No meio dessa disputa, o Brasil segue como peça-chave: equilibra sua posição entre duas superpotências, mas agora com uma população que olha com mais confiança para o parceiro asiático. A pesquisa da Quaest mostra que, em tempos de tarifaço, a diplomacia não acontece apenas nas mesas de negociação — ela também se reflete nas ruas, nas escolhas políticas e na forma como o brasileiro comum enxerga o futuro do país no cenário global.

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