A China apresentou pela primeira vez a chamada tríade nuclear — composta por mísseis lançados de terra, submarinos e bombardeiros — durante o desfile militar realizado em Pequim nesta quarta-feira (3), em comemoração aos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e da vitória sobre o Japão.
A exibição, considerada inédita, incluiu mísseis balísticos intercontinentais, submarinos equipados com ogivas nucleares e aeronaves de longo alcance, consolidando a imagem da China como potência militar capaz de manter capacidade de retaliação em qualquer circunstância.
Analistas avaliam que a demonstração vai além da celebração histórica: sinaliza um recado direto aos Estados Unidos em meio ao aumento das tensões no Indo-Pacífico e às pressões sobre Taiwan. Ao mesmo tempo, reforça o discurso de Pequim sobre a necessidade de “defesa legítima” frente ao que considera cercos estratégicos promovidos pelo Ocidente.
O governo chinês afirmou que a modernização de suas forças armadas não representa uma ameaça, mas sim um “pilar de estabilidade global”. Já Washington, em reação inicial, expressou preocupação com a escalada militar e alertou para os riscos de uma nova corrida armamentista.
Para países emergentes, como o Brasil, o desfile evidencia a relevância da China no equilíbrio geopolítico mundial e reforça o debate sobre multipolaridade. Observadores destacam que a parceria estratégica sino-brasileira tende a ganhar ainda mais peso em áreas como tecnologia e defesa, num cenário em que Pequim busca projetar influência global para além do campo econômico.
A mensagem central do desfile é clara: a China quer mostrar que entrou definitivamente para o seleto grupo de nações capazes de sustentar uma tríade nuclear completa, elemento-chave de dissuasão no século 21.