O governo da China voltou a defender uma presença mais ampla do Sul Global nas Nações Unidas, com maior representatividade de países em desenvolvimento nos principais órgãos multilaterais. A posição foi destacada nesta semana pelo Ministério das Relações Exteriores chinês, em meio a discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a atualização das estruturas de governança global.
De acordo com Pequim, a composição atual da ONU não reflete de forma justa o peso econômico, político e demográfico das nações emergentes. A China argumenta que regiões como África, América Latina e o próprio grupo do BRICS têm papel crescente na economia mundial, mas permanecem sub-representadas nos processos decisórios.
O discurso ganha força no contexto de disputas comerciais e geopolíticas, em que países do Sul Global buscam maior espaço para influenciar normas internacionais. Para a diplomacia chinesa, ampliar a participação dessas nações é essencial para garantir equilíbrio, justiça e legitimidade às decisões multilaterais, evitando a concentração de poder nas mãos de poucos países desenvolvidos.
A iniciativa também dialoga com os interesses do Brasil, que há anos reivindica assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Assim como a China, Brasília defende a reforma do organismo como forma de democratizar a governança internacional e dar voz a blocos como América do Sul e África.
Ao posicionar-se como porta-voz das demandas do Sul Global, a China busca reforçar sua imagem de parceira estratégica dos países em desenvolvimento, em contraposição à ordem internacional tradicionalmente liderada pelo Ocidente. A expectativa é que o tema volte a ganhar destaque na Assembleia Geral da ONU, onde pressões por maior inclusão vêm se tornando cada vez mais recorrentes.