A China tem feito diversos esforços para implementar sua própria moeda digital, conhecida como yuan digital ou E-CNY. Recentemente, dois bancos privados chineses aderiram ao movimento com o anúncio que não prestarão mais serviços envolvendo notas ou moedas.
Segundo o South China Morning Post, o NewUp Bank of Liaoning, da província de Liaoning, no nordeste da China, e o Zhongguancun Bank, sediado em Pequim, interromperão os seus serviços em dinheiro a partir de março e abril deste ano, respectivamente.
O Zhongguancun Bank disse que sua decisão de abandonar o dinheiro foi para “acelerar a digitalização e continuar expandindo o desenvolvimento de seus serviços online”.
Além dos bancos, diversas empresas também têm aderido ao movimento em direção a uma sociedade cashless, ou seja, sem dinheiro físico. Um exemplo disso é a proliferação de aplicativos de pagamento digital que aceitam o E-CNY, como o WeChat Pay da Tencent Holdings e o Alipay, da Alibaba Group Holding.
Serviços de Delivery também já permitem que mais de 200 tipos de comerciantes offline — incluindo restaurantes, mercearias, cinemas e hotéis — aceitem pagamentos em yuan digital.
Desde o ano passado, Pequim tem trabalhado em um esquema piloto nacional para colocar a sua própria moeda digital em circulação, que já conta com um app conhecido como “Carteira Para o Yuan Digital”, somando mais de 261 milhões de usuários.
Bancos digitais ainda enfrentam dificuldades na China
O movimento de migração para um sistema sem dinheiro físico por parte de alguns bancos também ocorre em um momento em que o setor bancário privado na China enfrenta pressão de receita e maior escrutínio por parte governo, mesmo há quase oito anos após a introdução desses credores no mercado chinês.
Os bancos privados chineses têm demonstrado interesse em migrar para o meio digital, mas enfrentam dificuldades regulatórias desde o ano passado. Até o momento, o país conta apenas com quatro bancos privados autorizados a realizar serviços bancários inter-regionais na internet.
China tenta popularizar o uso do yuan digital
Nos últimos meses, Pequim tem tomado diversas medidas para fortalecer a sua moeda digital. A proibição da mineração de criptomoedas em setembro do ano passado e a pressão para que as redes estrangeiras como McDonald ‘s, Nike e Visa aderissem ao novo método de pagamento são alguns dos exemplos.
Além disso, o yuan digital será um dos três métodos de pagamento das Olimpíadas de Inverno de Pequim, que começam nesta sexta-feira (4). Os outros dois serão o yuan em papel-moeda e cartões da Visa — patrocinadora do evento.
Segundo a agência estatal chinesa de notícias Xinhua, o yuan digital está disponível atualmente em dez cidades chinesas, incluindo Pequim, Xangai e Shenzhen, com aplicações que vão desde pagamentos de contas em restaurantes até transações no mercado de futuros.
Para o diretor de investimentos da QR Asset Management, Alexandre Ludolf, “essa demonstração pode ser vista como um passo importante na agenda de desbancar o paradigma geopolítico atual do dólar americano como moeda de reserva e referência nas transações internacionais”.
“Acredito que a resposta dos países será de correrem para lançarem suas próprias moedas digitais com medo do sucesso de iniciativas privadas e da iniciativa chinesa”, acrescentou.