Em mais uma demonstração de convergência entre os países emergentes, o grupo BRICS — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — aprovou um plano conjunto para fortalecer pequenos e médios negócios (PMEs) por meio da transformação digital, com ênfase no uso de inteligência artificial (IA). A iniciativa busca ampliar a competitividade e a capacidade de inovação de micro e pequenas empresas, que respondem por boa parte da geração de empregos e renda nos países do bloco.
O plano foi desenhado para oferecer apoio técnico, facilitar o acesso a plataformas digitais, promover capacitação em novas tecnologias e estimular a cooperação internacional entre empresas de base tecnológica. No caso do Brasil, a iniciativa é vista como uma oportunidade para acelerar a inclusão digital de milhares de pequenos empreendedores, especialmente em setores como varejo, agricultura familiar, serviços e economia criativa.
A China, reconhecida por sua liderança em tecnologias emergentes, será uma das principais parceiras na execução das medidas voltadas à inteligência artificial, computação em nuvem e comércio eletrônico. Nos últimos anos, empresas e instituições chinesas já vinham apoiando programas de capacitação digital em países em desenvolvimento, e a parceria com o Brasil nesse novo ciclo deve incluir transferência de conhecimento, oferta de softwares acessíveis e fomento a incubadoras binacionais.
Além disso, o plano prevê a criação de hubs de inovação nos países do bloco, com apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do BRICS, sediado em Xangai. Esses centros funcionarão como espaços para testes, mentorias e desenvolvimento conjunto de soluções tecnológicas aplicadas às realidades locais.
Para o Brasil, a iniciativa representa mais do que um apoio técnico: trata-se de uma estratégia geoeconômica de longo prazo, alinhada ao esforço de reposicionar o país como protagonista na economia digital do Sul Global. Com a China como aliada estratégica, o Brasil poderá avançar na construção de uma infraestrutura digital mais democrática, conectando pequenas empresas ao mercado global e à nova economia baseada em dados e automação.
Especialistas veem no plano uma chance concreta de reduzir assimetrias entre grandes corporações e pequenos empreendedores, além de potencializar a cooperação Brasil-China em uma agenda de inovação inclusiva, descentralizada e centrada no desenvolvimento sustentável.