Brasileiros veem com bons olhos parceria com a China, aponta pesquisa internacional

Segundo levantamento, apoio à cooperação sino-latino-americana cresce, impulsionado por comércio e investimentos em infraestrutura

(Foto: Reprodução)

O relacionamento entre China e América Latina, especialmente com o Brasil, tem sido cada vez mais reconhecido e valorizado pela população da região. É o que mostra uma pesquisa divulgada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, citada oficialmente nesta quarta-feira (10) pelo Ministério das Relações Exteriores da China.

De acordo com a porta-voz da chancelaria chinesa, Mao Ning, o levantamento demonstra que a percepção pública sobre o papel da China na América Latina está em alta, com destaque para Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile e Peru. Os dados indicam que grande parte da população dessas seis maiores economias latino-americanas enxerga a cooperação com a China como benéfica, principalmente nos campos de comércio, financiamento e desenvolvimento de infraestrutura.

“A China é uma fonte confiável e benéfica de financiamento para os países latino-americanos, e os investimentos chineses em infraestrutura trazem benefícios tangíveis”, afirmou Mao, durante coletiva de imprensa em Pequim.

A avaliação positiva coincide com a presença crescente da China em projetos no Brasil, incluindo ferrovias, energia renovável, agronegócio e tecnologia. Nos últimos anos, o comércio bilateral entre os dois países superou a marca de US$ 150 bilhões, consolidando Pequim como o maior parceiro comercial de Brasília.

Comunidade de futuro compartilhado

Segundo a diplomacia chinesa, esse estreitamento de laços é resultado de uma estratégia clara. “A base desse relacionamento é a igualdade, o motor é o benefício mútuo, a mentalidade é a abertura e a inclusão, e o objetivo fundamental é melhorar a vida dos povos. Esse é exatamente o ‘código’ que explica por que a cooperação sino-latino-americana conquistou o apoio popular”, destacou a porta-voz.

O conceito de “comunidade com um futuro compartilhado”, frequentemente citado pelo presidente chinês Xi Jinping, aparece também como elemento central desse posicionamento. Para Pequim, os projetos conjuntos com países latino-americanos não se resumem a interesses econômicos: envolvem também educação, inovação tecnológica, intercâmbio cultural e diálogo político.

Exemplo prático no Brasil

Na prática, o Brasil já vivencia essa aproximação de maneira concreta. Projetos como o CBERS-5, satélite meteorológico e ambiental desenvolvido em parceria com a China, e o recém-assinado acordo para estudar a viabilidade de uma ferrovia transcontinental entre a Bahia e o Pacífico são exemplos claros dessa colaboração.

Além disso, empresas chinesas de setores como automóveis, energia solar e agronegócio continuam expandindo sua atuação em solo brasileiro, gerando empregos e investindo em tecnologia. Na área cultural e educacional, centros de intercâmbio e aprendizado mútuo, como o inaugurado recentemente no Rio de Janeiro entre universidades brasileiras e chinesas, ajudam a fortalecer os laços entre as sociedades.

Brasil-China: relação em expansão

Para analistas, os dados da pesquisa reforçam uma tendência observada há pelo menos duas décadas. “O Brasil, assim como outros países da América Latina, passou a enxergar a China não só como comprador de commodities, mas também como parceira estratégica em infraestrutura e tecnologia”, afirma Rafael Duarte, especialista em relações internacionais.

O crescimento da aceitação popular da parceria também dá fôlego para que governos latino-americanos apostem em acordos mais ambiciosos com a China, especialmente em um momento de incertezas no cenário global e disputas comerciais envolvendo Estados Unidos e Europa.

No balanço, a mensagem que fica da pesquisa divulgada por AtlasIntel e Bloomberg é clara: na visão da maioria dos latino-americanos, incluindo brasileiros, a cooperação com a China veio para ficar — e deve ganhar ainda mais relevância nos próximos anos.

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