Brasil enfrenta desafio de reduzir desperdício de alimentos após deixar o Mapa da Fome

País comemora avanço social, mas ainda perde 30% da produção alimentar antes de chegar à mesa do consumidor

(Foto: Reprodução / Getty Images)

O Brasil voltou a celebrar uma conquista importante: a saída oficial do Mapa da Fome das Nações Unidas em 2025. O feito é resultado de políticas públicas de transferência de renda, valorização do salário mínimo e programas de segurança alimentar. No entanto, o país ainda enfrenta um obstáculo significativo — o alto índice de desperdício de alimentos, que ameaça a sustentabilidade desse avanço.

Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil desperdiça cerca de 30% dos alimentos produzidos, o equivalente a mais de 46 milhões de toneladas por ano. O problema começa nas lavouras, com perdas na colheita e transporte, e se estende até o varejo e o consumo doméstico.

Avanços e novos desafios

O retorno ao grupo de países fora do Mapa da Fome marca uma virada importante. Após o agravamento da insegurança alimentar durante a pandemia de covid-19, o país conseguiu reduzir o número de pessoas em situação de fome extrema de 33 milhões em 2022 para menos de 10 milhões em 2025, segundo dados do governo federal.

O avanço foi impulsionado por políticas como o novo Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Plano Brasil Sem Fome, que ampliaram o acesso à alimentação e estimularam a agricultura familiar.

Entretanto, especialistas alertam que o desperdício ainda mina os ganhos sociais. Estima-se que 40% das frutas e hortaliças colhidas no país não cheguem ao consumidor final — um desperdício que representa tanto perda econômica quanto impacto ambiental.

Sustentabilidade e responsabilidade social

Para especialistas em segurança alimentar, o próximo passo do Brasil é transformar a redução do desperdício em política de Estado. Isso envolve a criação de incentivos fiscais para doações de alimentos, a expansão de bancos de alimentos e o fortalecimento da logística de distribuição em regiões mais vulneráveis.

A indústria e o varejo também são apontados como elos fundamentais dessa mudança. Redes de supermercados e empresas do setor alimentício já começaram a investir em tecnologias de rastreabilidade, embalagens inteligentes e reaproveitamento de excedentes, iniciativas que ajudam a reduzir perdas e reforçam compromissos ESG.

Caminho para o futuro

Com a retomada do crescimento econômico e a queda da fome extrema, o Brasil vive um momento decisivo. O desafio agora é equilibrar produção, consumo e sustentabilidade, garantindo que o alimento produzido no campo chegue à mesa de todos os brasileiros — sem desperdício.

A saída do Mapa da Fome é um passo histórico, mas, como ressaltam especialistas, o verdadeiro sucesso virá quando o país conseguir alimentar sua população de forma plena, eficiente e sustentável.

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