São Paulo foi palco, nesta sexta-feira (26), de um encontro que deve deixar marcas importantes na diplomacia internacional. Representantes da China, do Brasil e de mais 16 países da América Latina e do Caribe participaram da II Mesa Redonda China-América Latina e Caribe sobre Direitos Humanos, que culminou na adoção do Consenso de São Paulo — um documento conjunto que propõe uma nova forma de encarar os direitos humanos, mais próxima das realidades do Sul Global.
Com presença de autoridades, acadêmicos e representantes de governos e instituições de países como Argentina, Bolívia, Cuba, Equador, Peru, Uruguai, Venezuela, entre outros, o evento foi marcado por um clima de diálogo aberto, respeito mútuo e interesse comum em repensar modelos tradicionais. A delegação chinesa, liderada por Li Junhua, vice-ministro das Relações Exteriores da China, destacou a importância de aprofundar os laços entre países em desenvolvimento e promover a solidariedade como base para uma nova governança global em direitos humanos.
Pelo Brasil, estiveram presentes representantes do governo federal, de universidades e centros de pesquisa, além de autoridades da diplomacia e da sociedade civil. A realização da mesa redonda em São Paulo reforçou o papel de protagonismo do país na presidência dos BRICS em 2025 e consolidou a capital paulista como um espaço estratégico para o diálogo Sul-Sul.
O Consenso de São Paulo, assinado ao final do encontro, traz uma série de diretrizes e princípios: defende que os direitos humanos devem ser promovidos de forma integral — considerando direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais — e contextualizada, respeitando as condições históricas e culturais de cada país. O texto rejeita a imposição de modelos únicos e se posiciona contra o uso político dos direitos humanos em disputas internacionais.
Entre os temas debatidos, destacou-se a relação entre direitos humanos e tecnologia. Os participantes reconheceram o potencial da inteligência artificial e das novas ferramentas digitais para ampliar acesso à educação, saúde e segurança, mas também alertaram para riscos de desigualdade, vigilância excessiva e exclusão digital. Outro ponto central foi a questão ambiental: o consenso aponta que não há justiça social sem justiça climática, e que países em desenvolvimento devem ser apoiados para fazer transições ecológicas justas.
Além dos debates formais, o evento promoveu momentos de troca cultural e experiências práticas, mostrando que construir pontes entre países vai além das negociações. Houve espaço para falas de jovens pesquisadores, juristas, ativistas e representantes de ONGs que atuam em comunidades locais, reforçando o tom acessível e plural da iniciativa.
Ao final, o sentimento geral entre os participantes foi de avanço. Em meio a tantas tensões globais, o evento mostrou que ainda há espaço para o diálogo construtivo — e que países do Sul Global têm muito a dizer, não apenas sobre suas próprias necessidades, mas sobre os caminhos possíveis para um futuro mais justo.
A cidade de São Paulo, com sua diversidade e energia única, cumpriu bem o papel de anfitriã. O evento foi descrito por muitos como um “sucesso diplomático” e um “passo concreto” na consolidação de uma visão mais inclusiva e colaborativa sobre os direitos humanos no século XXI.