O Brasil mostrou que tem voz ativa na transformação digital global. Entre os dias 26 e 28 de julho, o Serpro – empresa pública responsável pela infraestrutura digital do Estado brasileiro – participou da Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC 2025), realizada em Xangai, na China, ao lado de especialistas, governos e representantes de mais de 30 países.
Com uma abordagem centrada no cidadão e na soberania digital, o Brasil se destacou ao apresentar suas soluções de inteligência artificial aplicadas à gestão pública. André Agatte, diretor de Negócios, Governo e Mercados do Serpro, defendeu, durante o fórum “International AI City”, que o país é referência global em transformação digital com foco em segurança, escala e interesse público. Em sua fala, ele destacou o papel da plataforma Gov.br como símbolo dessa jornada.
Mais do que mostrar seus avanços, o Brasil também foi protagonista na construção de uma agenda internacional para os países do BRICS no campo da IA. Durante o fórum “Win-Win BRICS”, realizado como parte da WAIC 2025, foi lançada oficialmente a Rede de Cooperação da Indústria de IA dos BRICS – um passo estratégico para fortalecer o alinhamento de políticas públicas, o compartilhamento de conhecimento e a criação de padrões tecnológicos comuns entre os membros do bloco.
Rafael Ferreira, gerente de Internacionalização do Serpro e representante técnico do Brasil no BRICS, defendeu no evento a criação de uma infraestrutura digital pública compartilhada entre os países do grupo. Segundo ele, o objetivo não é impor um padrão único, mas desenvolver soluções escaláveis, éticas e inclusivas que respeitem as particularidades de cada país, especialmente dentro da lógica do Sul Global. “Interoperabilidade para soberania digital”, definiu Ferreira em sua apresentação.
A WAIC 2025, que teve como tema “Solidariedade Global na Era da IA”, reuniu mais de 1.500 convidados e exibiu mais de 3 mil inovações tecnológicas. O evento foi um marco para reafirmar o papel da China como hub de inovação, mas também para dar espaço a novas vozes na governança tecnológica mundial — e o Brasil, cada vez mais, está entre elas.
A presença brasileira reforça um movimento estratégico: a construção de alianças tecnológicas entre países em desenvolvimento para garantir soberania digital, inclusão e soluções públicas eficazes. Como concluiu Agatte, “ninguém transforma sozinho — e é por isso que o Brasil está disposto a cooperar, liderar e aprender, junto aos parceiros do Sul Global, o caminho para uma IA que sirva à sociedade.”