Os astronautas da NASA não estão mais presos no espaço. Butch Wilmore e Suni Williams retornaram à Terra nesta terça-feira (12), pegando carona em uma cápsula diferente para encerrar uma saga que começou com um teste fracassado há mais de nove meses.
A cápsula da SpaceX, transportando os dois astronautas, pousou no Golfo do México no início da noite, poucas horas após deixar a Estação Espacial Internacional. O pouso ocorreu na costa de Tallahassee, na Flórida, encerrando sua jornada prolongada e inesperada.
Em menos de uma hora, os astronautas já estavam fora da cápsula, sorrindo e acenando para as câmeras antes de serem levados para exames médicos de rotina.
Uma missão marcada por atrasos e contratempos
Tudo começou com um teste problemático da cápsula Starliner, da Boeing, na primavera passada. Wilmore e Williams decolaram em 5 de junho a bordo da nave, esperando passar apenas uma semana no espaço. No entanto, diversos problemas técnicos surgiram durante a viagem até a Estação Espacial Internacional, o que levou a NASA a enviar a cápsula de volta à Terra vazia e a transferir os dois astronautas para um retorno com a SpaceX. O plano inicial era trazê-los de volta em fevereiro, mas novos atrasos com a cápsula da SpaceX empurraram o retorno para março.
Com a chegada da equipe de substituição no último domingo (10), Wilmore e Williams finalmente puderam deixar a estação. A NASA decidiu antecipar sua partida devido às condições meteorológicas instáveis previstas para os próximos dias.
Ao todo, os astronautas passaram 286 dias no espaço – 278 a mais do que o planejado. Durante esse tempo, eles deram 4.576 voltas ao redor da Terra e percorreram 195 milhões de quilômetros antes de finalmente pousar.
“Em nome da SpaceX, bem-vindos de volta para casa”, anunciou o controle da missão da SpaceX na Califórnia.
“Que jornada”, respondeu Wilmore, comandante da cápsula. “Aqui dentro, só vejo sorrisos de orelha a orelha.”
Enquanto mergulhadores preparavam a cápsula para ser içada para o navio de recuperação, golfinhos cercaram a embarcação, criando um cenário incomum para a chegada dos astronautas. Assim que estavam a bordo, a escotilha lateral foi aberta e Wilmore e Williams foram ajudados a sair – Williams foi a penúltima a deixar a cápsula, seguida por Wilmore, que saiu fazendo um gesto de positivo com ambas as mãos.
De “visitantes” a membros da equipe da estação
A longa permanência inesperada de Wilmore e Williams na Estação Espacial Internacional chamou a atenção do mundo, transformando-os em uma espécie de fenômeno midiático. Embora outros astronautas já tenham realizado missões mais longas, nenhum precisou lidar com tanta incerteza sobre sua volta à Terra.
Com o passar dos meses, eles deixaram de ser apenas visitantes e assumiram papéis fundamentais na rotina da estação, conduzindo experimentos, realizando reparos e até mesmo participando de caminhadas espaciais. Williams, que já havia vivido na estação antes, estabeleceu um recorde ao acumular 62 horas em nove caminhadas espaciais, tornando-se a astronauta feminina com mais tempo fora da estação ao longo de sua carreira.
Ela assumiu o comando da Estação Espacial Internacional três meses após sua chegada, mantendo o posto até o início de março.
Pressão política para acelerar o retorno
A missão tomou um rumo inesperado no final de janeiro, quando o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu a Elon Musk, fundador da SpaceX, que acelerasse o retorno dos astronautas, atribuindo os atrasos ao governo Biden. Como a cápsula nova da SpaceX ainda não estava pronta para voo, a empresa decidiu utilizar um modelo reutilizado, o que adiantou o retorno da equipe em algumas semanas.
Agora, de volta à Terra, Wilmore e Williams devem passar por um período de readaptação à gravidade, mas sua experiência inédita no espaço será lembrada como um dos episódios mais inusitados da história recente da exploração espacial.