Os governos da Armênia e do Azerbaijão assinaram nesta quinta-feira (13/03) um acordo de paz para estabelecer uma trégua definitiva na região de Nagorno-Karabakh, disputada por comunidades dos dois países desde o início dos Anos 90 – quando ambas as nações deixaram de ser repúblicas pertencentes à União Soviética.
Após a reunião para a assinatura do tratado, o chanceler azerbaijano, Jeyhun Bayramov, disse que “o processo de negociação foi concluído com a Armênia aceitando as propostas que apresentamos, visando uma paz duradoura na região”.
Já a representação armênia se manifestou apenas através de uma nota publicada pelo seu Ministério das Relações Exteriores, na qual afirma que “a paz está selada no documento, agora precisamos que ambas as partes se encarreguem de cumprir os termos do acordo”.
Entre os pontos estabelecidos no tratado está o reconhecimento por parte da Armênia de que o Azerbaijão possui soberania sobre o território de Nagorno-Karabakh.
Em troca, o governo azerbaijano aceitou respeitar os direitos das comunidades armênias que vivem na região, além de permitir a criação de mecanismos com representantes dos dois países para dirimir controvérsias.
Apesar da assinatura do acordo, o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, questionou o fato de o governo do Azerbaijão ter feito uma declaração unilateral após a reunião final, em vez de emitir uma declaração conjunta.
Histórico do conflito
A região de Nagorno-Karabakh, na fronteira entre o sudeste da Armênia e o sudoeste do Azerbaijão, representa um ponto de controvérsia entre esses dois povos há muitas décadas. Entretanto, durante o período em que ambas as nações foram repúblicas soviéticas, o conflito era mantido sob certo controle, a partir da mediação de Moscou.
Com o fim da União Soviética, no início dos Anos 90, se iniciou a primeira guerra entre os dois países pelo controle do território, onde vivem comunidades identificadas com as duas nacionalidades.
Essa primeira confrontação terminou em 1994, com a Armênia controlando a maior parte do território. Nos anos seguintes, mesmo sem uma guerra oficialmente deflagrada, foram registrados diversos incidentes violentos provocados por ambos os lados, que levaram o controle de algumas localidades passando ora para as mãos e um, ora para as mãos do outro.
Em 2020, as forças militares do Azerbaijão realizaram uma nova ofensiva militar contra esse território, e conseguiram impor o controle sobre ele em meados de 2023, expulsando a maior parte das comunidades armênias da região.
No início da última guerra entre os países, Ierevan acusou o exército turco de apoiar as forças azerbaijanas, situação que é negada tanto por Baku quanto por Ancara, embora diversas organizações internacionais considerarem que há evidências em fotos e vídeos mostrando que essa colaboração realmente ocorreu.