O “pacto de cooperação estratégica de 25 anos”, como chamou a televisão estatal iraniana e que não teve os detalhes publicados, foi assinado pelo ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, e seu colega chinês, Wang Yi, que visita Teerã.
De acordo com a agência oficial Irna, os últimos detalhes do acordo foram finalizados neste sábado, em um encontro entre “Wang, Ali Larijani, conselheiro do guia supremo (iraniano Ali Khamenei), e o representante especial da República Islâmica para as relações estratégicas com a China”.
A assinatura do pacto ilustra a prioridade para as relações com o “Leste” – ou seja, para o Irã, de países como China, as duas Coreias, Índia, Japão ou Rússia – como parte da inflexão feita por Khamenei em 2018, uma ruptura com um dos slogans mais populares da revolução iraniana de 1979: “Nem Leste, nem Oeste, República Islâmica.”
Teerã e Pequim se comprometeram na época a “estabelecer negociações para a assinatura de um acordo de cooperação ampliado de 25 anos” e a “cooperar e ter investimentos recíprocos em diversas áreas, como os transportes, os portos, a energia, a indústria e os serviços”.
Para a China, a assinatura do acordo é parte do amplo projeto de infraestruturas que o gigante asiático iniciou em mais de 130 países.
A aproximação do Irã com a China acontece em um momento de desconfiança da República Islâmica a respeito dos países ocidentais, assim como de tensões entre Estados Unidos e China.
A denúncia unilateral por Washington em 2018 do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, e a incapacidade dos países europeus de ajudar Teerã a evitar as sanções americanas restabelecidas no mesmo ano, acabaram por convencer o Executivo iraniano que os países ocidentais não um sócio “digno de confiança”, nas palavras de Khamenei.
Em um artigo publicado pela agência oficial Irna, Mohamad Keshavarzadeh, embaixador do Irã na China, afirma que Pequim é de fato “o sócio comercial de Teerã há mais de 10 anos”.
Mas ele constata que “a imposição de severas sanções” por Washington e “as restrições provocadas pelo coronavírus reduziram consideravelmente o comércio entre os dois países”.