A China foi oficialmente aceita como novo país observador da Comunidade Andina (CAN), bloco regional formado por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. A decisão, anunciada nesta sexta-feira (10), marca um novo capítulo na política de aproximação chinesa com a América do Sul, consolidando o país asiático como um dos principais parceiros econômicos e estratégicos da região.
Durante a cerimônia de anúncio, realizada na sede da Secretaria-Geral da CAN, em Lima, o embaixador chinês no Peru, Song Yang, destacou que o ingresso como observador reforça o compromisso de Pequim com a integração latino-americana, o desenvolvimento sustentável e o multilateralismo. Ele afirmou que a China está disposta a aprofundar a cooperação com os países andinos em áreas como infraestrutura, energia, ciência, tecnologia e agricultura sustentável.
Cooperação em expansão
A Comunidade Andina, criada em 1969, representa um mercado de mais de 115 milhões de pessoas e uma das regiões que mais têm se beneficiado do comércio com a China nas últimas duas décadas. Só em 2024, o intercâmbio comercial entre o país asiático e os membros do bloco ultrapassou US$ 150 bilhões, impulsionado pela exportação de minerais, produtos agrícolas e energia.
O secretário-geral da CAN, Gonzalo Gutiérrez, saudou a entrada da China e ressaltou que a decisão “reflete o reconhecimento do papel estratégico que o país exerce na economia global e seu compromisso com a cooperação Sul-Sul”. Segundo ele, a presença chinesa também poderá fortalecer os mecanismos de inovação tecnológica e de desenvolvimento verde no bloco.
América do Sul no radar chinês
A entrada da China como observadora da CAN faz parte de uma estratégia diplomática mais ampla de consolidação de parcerias na América do Sul. O país já mantém acordos comerciais bilaterais com quase todas as nações do continente e é hoje o principal parceiro comercial do Brasil, Chile e Peru, além de um dos maiores investidores em infraestrutura e energia renovável na região.
Especialistas apontam que a medida amplia o alcance geopolítico da Iniciativa Cinturão e Rota, plano global de investimentos em infraestrutura lançado por Pequim. Com o novo status, a China ganha maior acesso a fóruns regionais de integração e poderá participar de discussões sobre políticas industriais e ambientais do bloco.
Perspectivas
Analistas latino-americanos avaliam que a adesão chinesa à CAN poderá impulsionar novos fluxos de investimento e ampliar a conectividade logística entre o Pacífico e o Atlântico, fortalecendo o papel da América do Sul como elo estratégico no comércio global.
Para a China, o passo representa mais do que uma aproximação econômica — é também uma demonstração de confiança e parceria política em uma região que busca equilibrar relações entre os grandes centros de poder mundiais.
Com a decisão, a Comunidade Andina passa a contar com sete países observadores, entre eles Índia, Japão e Espanha. A entrada da China, no entanto, é vista como a mais significativa em termos de impacto geopolítico e potencial de cooperação, marcando um novo ciclo nas relações sino-latino-americanas.













