China realiza primeiro transplante de fígado de porco geneticamente modificado em humano vivo

Procedimento marca avanço histórico na medicina regenerativa e pode transformar o futuro dos transplantes de órgãos

(Foto: Reprodução)

A medicina mundial registrou um marco inédito neste mês: médicos chineses realizaram com sucesso o primeiro transplante de fígado de porco geneticamente modificado em um ser humano vivo. O procedimento, conduzido por uma equipe do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Zhejiang, representa um salto científico de proporções globais e reacende o debate sobre o uso de órgãos de origem animal — uma fronteira conhecida como xenotransplante.

De acordo com informações divulgadas pela equipe médica, o paciente, que sofria de insuficiência hepática terminal, apresentou boa recuperação após a cirurgia. O órgão transplantado foi extraído de um porco cujos genes haviam sido alterados para reduzir o risco de rejeição imunológica e aumentar a compatibilidade com o corpo humano. Segundo os pesquisadores, as primeiras 96 horas pós-operatórias — período considerado crítico — transcorreram sem sinais de rejeição grave.

O sucesso do caso é fruto de mais de uma década de pesquisa em engenharia genética e imunologia. A equipe de Zhejiang integrou ao órgão animal modificações precisas, inativando genes responsáveis pela produção de açúcares incompatíveis com o sistema imunológico humano e introduzindo genes humanos que favorecem a aceitação do transplante. O avanço segue a linha de estudos que já haviam permitido o transplante experimental de rins de porcos em pacientes em morte cerebral, mas é o primeiro caso bem-sucedido com um órgão vital e um receptor vivo.

Autoridades sanitárias chinesas afirmaram que o país busca se consolidar como um polo de referência mundial em biotecnologia aplicada à medicina. O projeto integra a estratégia nacional de inovação em saúde, que incentiva pesquisas sobre biotecnologia, clonagem e edição genética de precisão. Pesquisadores destacam que, além de oferecer uma solução para a escassez global de órgãos humanos, o método pode abrir caminho para aplicações em terapias regenerativas e medicina personalizada.

Especialistas internacionais avaliam o feito como uma virada de página na história dos transplantes. Embora o desafio ético e regulatório ainda seja grande, o experimento bem-sucedido na China reforça a possibilidade de que, em um futuro próximo, órgãos de origem animal possam salvar milhares de vidas humanas — um avanço que redefine os limites da ciência médica contemporânea.

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