A República Popular da China completou 76 anos no dia 1º de outubro, em meio à conclusão do 14º Plano Quinquenal, que priorizou qualidade do crescimento em vez de metas rígidas de PIB. Em recepção no Grande Salão do Povo, o presidente Xi Jinping anunciou que, em novembro, o 20º Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) se reunirá para discutir o próximo ciclo, de 2026 a 2030.
O novo plano será parte do caminho para atingir a “modernização socialista básica” até 2035, etapa intermediária antes da Segunda Meta Centenária em 2049 — ano do centenário da República Popular. Xi destacou avanços em reformas estruturais, autossuficiência tecnológica, transição verde e melhoria das condições de vida da população desde janeiro de 2025.
O evento contou com cerca de 800 convidados, incluindo o primeiro-ministro Li Qiang e membros da liderança do PCCh. No discurso, Xi reiterou a política de “Um País, Dois Sistemas” para Hong Kong e Macau, defendeu o fortalecimento de intercâmbios com Taiwan e condenou separatismo e interferência externa. Também reafirmou o compromisso com o multilateralismo e iniciativas globais de desenvolvimento e segurança.
O 14º Plano Quinquenal, que se encerra agora, foi o primeiro da história chinesa sem meta numérica para o PIB. A prioridade recaiu sobre a prosperidade comum, a redução de riscos de retorno à pobreza — que atingiu 6,9 milhões de pessoas assistidas preventivamente — e a expansão das chamadas “três garantias”: educação obrigatória, saúde básica e moradia segura.
Especialistas como Gao Zhikai, do Centro para a China e a Globalização, ressaltam a visão de longo prazo chinesa, que busca projetar transformações para décadas. Já na agricultura, a revitalização rural é vista como peça-chave para a modernização nacional, com foco em mecanização, tecnologias inteligentes e práticas sustentáveis.
Para o Brasil, maior parceiro comercial da China na América Latina, a definição do próximo plano é relevante. As diretrizes de autossuficiência tecnológica, transição energética e reforma agrícola podem abrir novas oportunidades de cooperação em áreas como inovação, agronegócio sustentável e energias renováveis.
Os debates sobre o 15º Plano Quinquenal, previstos para novembro, serão um marco no calendário político chinês e ajudarão a delinear o papel do país na economia mundial até meados da próxima década.